Pedalar em 2025 é um desporto totalmente diferente do que era na década de 2010. Todos no pelotão que viveram ambas as eras dizem o mesmo, e
Damiano Caruso, profissional desde 2009, não foge à regra. O italiano adaptou-se de forma notável e descreve algumas diferenças, olhando também para
Tadej Pogacar.
Caruso é peça-chave na
Bahrain - Victorious. Líder experiente e consistente, terminou no Top 5 da Volta a Itália deste ano e
venceu uma etapa na Volta a Burgos. A pedido da equipa e de Antonio Tiberi, entre outros, aceitou prolongar a ligação por mais uma época, com o objetivo de orientar o conjunto para mais sucessos. Antigo corredor da Liquigas e da BMC, soma agora vários anos na Bahrain - Victorious. Viu muitos grandes nomes entrarem e saírem, enquanto se mantém perto do topo da modalidade.
O que encontra diariamente é uma realidade completamente distinta da que encontrou quando entrou no pelotão. “Em 15 anos, o ciclismo mudou por completo. Agora, penso, por isso também digo ao Antonio [Tiberi] ‘tens talento, mas hoje o talento não chega’”, afirmou ao CiclismoAtual e ao
CyclingUpToDate. “Precisas de ser… se tens talento, melhor, claro que precisas, mas não basta. Tens de estar totalmente dedicado. Disciplina e tudo o resto, tens de pensar apenas no teu trabalho”.
Na nutrição, no ginásio, nos métodos de treino e na preparação, tudo mudou. A fasquia está muito mais alta, algo evidente nas prestações e nas médias atuais do pelotão, fruto também do desenvolvimento tecnológico, que pode ser igualmente determinante.
Mas o ciclismo profissional de hoje não está ao alcance de muitos. Não por falta de vontade, mas pela capacidade de seguir o nível de profissionalismo e dedicação exigido apenas para estar no pelotão. “Somos afortunados, porque também é a nossa paixão, mas é difícil encontrar um bom equilíbrio entre as duas coisas. Agora é completamente diferente, e difícil, porque não sabes onde está o limite para puxar ao máximo”.
Caruso acredita que o equilíbrio é crucial para ser profissional neste momento, mas também difícil de alcançar, com exigências no auge e variáveis simples, como uma queda ligeira ou uma doença, a ameaçar meses de trabalho. Não é um desporto para os mais sensíveis e, mesmo entre os profissionais, poucos conseguem ter todas as peças do puzzle sempre no lugar.
“Todos olham hoje para o Pogacar, por exemplo, ele está noutro mundo, joga noutra galáxia. Mas se tentares copiar o treino e o estilo de vida dele, pode não ser o certo para ti. Destróis-te”, avisa Caruso. Cada corredor precisa do seu próprio programa e método de trabalho e, tal como devem saber não seguir Pogacar (
como disse o seu colega Afonso Eulálio), também devem evitar replicar o que ele faz fora de competição.
“Tens de encontrar o teu limite, tens de persegui-lo. Tentar, às vezes, ir além, dar um passo acima, não? É fácil dizer, mas difícil fazer”.