Thijs Zonneveld, um dos analistas de ciclismo mais respeitados dos Países Baixos, aproveitou o final da
Volta a Itália 2025 para abordar alguns dos temas mais polémicos da atualidade no ciclismo. No seu comentário, Zonneveld começou por elogiar o gesto da organização para com Robert Gesink, antes de lançar duras críticas a equipas como a Israel – Premier Tech e a UAE Team Emirates – XRG, focando-se na questão dos patrocínios.
Sobre o minuto de silêncio em memória da esposa de Gesink, Zonneveld foi claro:
“Todos os que testemunharam ficaram profundamente comovidos. Achei muito positivo que tanto a Visma como a organização do Giro tenham dado tanta atenção a este momento, porque o Gesink é sem dúvida uma figura fundadora da equipa. Sem ele, esta formação talvez nem existisse. Mas é verdadeiramente triste tudo isto.”
Ao comentar a última etapa da prova, Zonneveld confessou a sua pouca admiração pelas tradicionais procissões que antecedem o sprint final:
“Não gosto muito deste tipo de etapa. Não aconteceu nada digno de registo até aos últimos quilómetros, tirando mais uma excelente saída da Visma e uma chegada muito forte de Olav Kooij. Mas, sinceramente, o que Edoardo Affini fez foi a coisa mais impressionante do dia.”
A UAE Team Emirates XRG é uma das equipas mais fortes do pelotão.
Críticas aos patrocínios no pelotão
O comentário subiu de tom quando Zonneveld abordou a questão política, alimentada recentemente por declarações do Presidente da Comissão Europeia sobre o tema.
“Tenho dificuldade em aceitar que Israel continue a patrocinar uma equipa. É incompreensível que um país acusado de genocídio esteja associado a uma equipa de ciclismo. Não percebo como é que isto não gera mais debate. É apresentado como se fosse apenas mais um patrocinador e não é.”
A crítica estendeu-se também à
UAE Team Emirates - XRG:
“Estamos tão habituados a ver todo o tipo de nomes e logótipos nas camisolas que já nem questionamos o que representam. O mesmo se aplica aos Emirados Árabes Unidos, um país com um longo historial de violações de direitos humanos e que patrocina actualmente a equipa mais forte do mundo. O ciclismo nunca foi conhecido por ter os patrocinadores mais éticos.”
O ciclismo e a sua imprevisibilidade
Apesar das críticas fora da estrada, Zonneveld terminou com uma análise desportiva, elogiando o triunfo de Simon Yates:
“O ciclismo é fascinante precisamente porque nem sempre o mais forte ganha. É possível vencer com tática, inteligência e, por vezes, com um pouco de sorte.”
Ainda assim, deixou uma nota final dirigida a Richard Carapaz e Isaac Del Toro:
“Sejamos claros: o Yates também teve a sua dose de sorte. Foi o mais forte numa única etapa, no Colle delle Finestre, que acabou por ser o dia chave. E isso deveu-se, em grande medida, à colaboração (ou falta dela) entre Del Toro e Carapaz.”