A ascensão de
Giulio Pellizzari no WorldTour continua a ganhar força. Para o italiano de 22 anos, o segredo é direto: aprender todos os dias com
Primoz Roglic. A ligação com o esloveno tornou-se um dos pilares da sua evolução recente,
algo que o jovem da Red Bull – BORA – Hansgrohe fez questão de sublinhar numa entrevista à TV Slovenija.O corredor descreveu um laço que cresceu ao longo da época e que mudou a forma como encara a carreira. Quando questionado sobre o impacto deste ano, Pellizzari respondeu sem hesitar. “Sim, acho que o Primoz e eu nos tornámos bons amigos. Gostei de correr com ele. Aprendi imenso com ele e fiquei radiante por pedalar ao seu lado”, afirmou, mostrando a importância que atribui a competir ao lado de um múltiplo vencedor de Grandes Voltas.
Acrescentou ainda: “Espero que continuemos a correr juntos no próximo ano. Talvez corramos juntos mais dois ou três anos, conforme o que o Primoz quiser”.
Giulio Pellizzari venceu de forma espetacular a 17ª etapa da Vuelta 2025
A admiração não se limita à convivência. Pellizzari é o primeiro a reconhecer a dimensão histórica de Roglic. “Ele é um dos melhores ciclistas da história”, apontou. “Tem 91 vitórias na carreira, o que é incrível. Quando consegui a minha primeira vitória na Vuelta, pensei: o Primoz já levantou os braços 90 vezes. Loucura! Quero aprender o máximo possível com ele”.
Aprender com lendas, Pogacar incluído
O entusiasmo do italiano não se esgota no tricampeão da Vuelta. Pellizzari recordou também com carinho momentos vividos com
Tadej Pogacar, incluindo o dia em que jogaram padel juntos durante o seu aniversário. “Acho que foi um dos melhores dias da minha vida.
O primeiro foi a minha vitória na Volta a Espanha, e o segundo foi aquele dia em Val Gardena, de que me lembro com grande carinho. É sempre um prazer ver o Pogacar correr, ou jogar padel com ele, como desta vez”.
Em casa, a admiração é tema recorrente. “O Pogacar é popular em todo o mundo, mas os italianos gostam muito dele. Eu também gosto muito dele”. Estes episódios mostram o ambiente excecional em que Pellizzari se move hoje: treina, compete e convive com alguns dos maiores nomes do ciclismo moderno.
Pellizzari conheceu Pogacar no Giro 2024, quando perdeu uma etapa para ele e como gesto de reconhecimento pelo esforço, o esloveno ofereceu-lhe os óculos e trocaram algumas palavras
Uma época de afirmação e fome de mais
As temporadas de 2024 e 2025 colocaram Pellizzari entre os nomes mais promissores do ciclismo italiano. O top-6 em Grandes Voltas, a vitória na Vuelta e o Giro revelador destacaram o seu potencial para disputar classificações gerais. Mesmo assim, garante manter os pés bem assentes no chão.
Depois de um merecido descanso nos Estados Unidos, revelou estar à espera das decisões da equipa para 2026. “Acabei de tirar umas boas férias nos EUA. Uns dias no túnel de vento com a equipa, uns dias com a minha namorada. Os italianos podem ser um pouco exaltados e impacientes. Tenho de esperar pelo programa que a equipa vai apresentar em Maiorca”.
A preferência, porém, é clara e assumida. “Perguntei se poderia fazer o Giro, mas veremos quando revelarem os planos em dezembro”.
O fator Remco e as ambições elevadas na Red Bull
Com a chegada de Remco Evenepoel, a estrutura alemã transformou-se numa das mais fortes do pelotão. Para Pellizzari, isso representa apenas vantagens. “Acho que é muito bom para a equipa. Agora temos dois dos quatro melhores ciclistas do mundo. É uma boa oportunidade para um jovem como eu evoluir ao lado dele. Temos uma reunião em Salzburgo dentro de dias. Acho que vamos ter uma boa época com ele”.
Se aprender com Roglic já acelerou o crescimento do italiano, conviver com Evenepoel pode empurrá-lo para um novo nível competitivo.
Carregar as expectativas de Itália e enfrentá-las de frente
A pressão sobre jovens talentos italianos é uma constante, e Pellizzari não fugiu ao tema. “Na minha opinião, o problema está um pouco em nós, italianos. Somos um bocado estranhos. Quando surge um bom corredor, toda a gente começa a segui-lo. Depois, quando aparece o primeiro momento difícil, dizem: ‘Não, ele não é como o Pantani, não é como no início.’ Como ciclista, só tens de treinar e viver, depois vê-se o que acontece”.
O recado para os adeptos é simples e sincero. “Sei que os adeptos estão à espera. Espero que não tenham de esperar muito mais”.
Pelo que mostra a sua trajetória, talvez não tenham mesmo.