"Estavam todos assustados e paranoicos" Diretor desportivo da Cofidis fala da descida de escalão em 2025

Ciclismo
sábado, 08 novembro 2025 a 9:00
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O final da época de 2025 deixou marcas profundas na Cofidis. Depois de seis anos consecutivos no WorldTour, a equipa francesa não conseguiu escapar à despromoção, terminando em 20º lugar na classificação UCI e acumulando apenas nove vitórias em toda a temporada, um registo que ditou o adeus à elite do ciclismo internacional e a queda para o escalão ProTeam até 2028.
A consequência mais imediata foi a saída de Cédric Vasseur, que liderava o projeto desde 2018. Em entrevista à  bici.pro, o director desportivo Roberto Damiani fez um balanço duro mas lúcido do que correu mal.
“Foi uma época que, em geral, começou bem, pelo menos até abril. Mas depois tivemos dificuldades”, começou por reconhecer Damiani. “Não gosto de arranjar desculpas, mas é evidente que algo não correu bem. Todos nós cometemos erros e como sempre digo, ganhamos e perdemos juntos. Todos têm responsabilidade se as coisas não correram como esperávamos.”
Apesar do golpe, Damiani recusa o pessimismo e acredita que a Cofidis poderá reerguer-se a curto prazo. “Fizemos a nossa análise e podemos dizer que vamos regressar ainda com mais entusiasmo. A mudança de diretor geral foi decidida pela própria empresa e embora tenha trabalhado muito bem com o Vasseur ao longo de oito anos, decidi ficar. Quero continuar a dar o melhor de mim.”

“Vivemos sob tensão constante por pontos”

A descida da Cofidis não foi um caso isolado, pois refletiu uma batalha intensa entre várias equipas pela sobrevivência no WorldTour, onde cada ponto contou. Damiani explica que o sistema de licenças trienais e o formato atual da UCI criaram um ambiente de pressão permanente.
“Digam-me quem é que do décimo lugar para baixo, não estava dominado por este medo, esta paranoia. Havia uma verdadeira tensão pelos pontos para todos, não só para nós na Cofidis. Vejamos as equipas com quem lutámos: XDS-Astana, Uno-X Mobility, Picnic-PostNL... todas mudaram a forma como correm e gerem as corridas”, observou o italiano.
“Fomos muitas vezes a corridas não para ganhar, mas para marcar pontos. Isso significou uma diminuição do espetáculo e quem criou estas regras tem de assumir essa responsabilidade. Mas quando estamos entre a espada e a parede, só pensamos em sobreviver.”
A Cofidis terá de lutar entre 2026 e 2028 para recuperar a sua licença World Tour.
A Cofidis terá de lutar entre 2026 e 2028 para recuperar a sua licença World Tour.

Uma temporada sem brilho

Para Damiani, o problema foi também desportivo. A Cofidis nunca conseguiu encontrar o ritmo competitivo certo, sobretudo nas corridas mais importantes.
“É preciso ter ciclistas bons e em forma para somar pontos. Por isso em determinado momento, demos demasiada importância às corridas mais pequenas”, admitiu. “Ao mesmo tempo, como equipa WorldTour, tínhamos de respeitar o calendário e os compromissos da Taça de França. Mas há que dizer que em certas corridas, simplesmente não estivemos à altura da tarefa.”
A Volta a França, o maior palco do ciclismo mundial e o principal símbolo da identidade Cofidis, foi o espelho da crise. “Na Volta a França, e sabem como é importante para uma equipa francesa, simplesmente não existimos. Foi a pior das nossas três Grandes Voltas”, confessou Damiani.

O futuro: reconstrução e esperança

Com o estatuto ProTeam assegurado até 2028, a Cofidis entra agora numa fase de reconstrução estrutural e desportiva. O objetivo é duplo: regressar ao topo e, ao mesmo tempo, voltar a ser uma equipa capaz de inspirar os adeptos franceses com corridas ofensivas.
Damiani, que continuará no comando técnico, acredita que a despromoção pode servir de ponto de viragem. “É um momento difícil, mas também uma oportunidade para repensar a estrutura, o planeamento e o recrutamento”, referiu o diretor desportivo.
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