A uma semana do arranque da
Volta a França 2025,
Remco Evenepoel dá sinais de estar no auge da sua preparação. O belga da
Soudal - Quick-Step venceu com autoridade o campeonato nacional de contrarrelógio da Bélgica, garantindo o título pela segunda vez na carreira e confirmando que os planos traçados para a Grande Boucle estão a ser executados ao detalhe.
A decisão de abandonar o estágio em altitude antecipadamente surpreendeu alguns, mas o próprio Evenepoel explicou, em declarações à Wielerflits, que tudo foi planeado com critério. "Não é assim tão difícil preparar-me para isto. Como estive muito tempo parado devido à lesão no ombro, decidimos logo que íamos fazer os dois
Campeonatos Nacionais da Bélgica como motivação adicional", justificou. "Já não fazia um contrarrelógio longo há bastante tempo, e esta foi uma espécie de ensaio geral para o que me espera no Tour".
Esse ensaio rendeu frutos imediatos: um desempenho dominante e, mais importante ainda, a validação final de todo o material e posição que utilizará na Volta a França. "Serviu sobretudo para testar uma última vez toda a configuração com que vou correr no Tour, desde a posição até aos detalhes técnicos. No fim, posso dizer que tudo foi aprovado. Fiz exatamente o que queria e foi quase um contrarrelógio perfeito".
Evenepoel tem sido o grande dominador dos contrarrelógios nos últimos 2 anos, mas no Tour terá um rival de peso, Filippo Ganna
Aos 25 anos, Evenepoel sente que está a roçar o seu melhor nível na disciplina. "Acho que estou próximo do meu melhor contrarrelógio de sempre. Agora é manter esta forma nas três semanas em França".
Apesar da confiança, o belga admite ter ajustado a abordagem em 2025. Depois do regresso à competição no Critérium du Dauphiné, onde enfrentou um calor extremo e um fim de semana exigente, a equipa decidiu suavizar a carga do bloco de altitude. "Foi um fim de semana duro, com muito calor. E também não me posso esquecer que tive um inverno muito complicado. Por isso, preciso de mais recuperação do que no ano passado".
Além disso, Evenepoel entrou na fase final da preparação com um detalhe importante: menos peso. "Estou cerca de um quilo mais leve do que antes da Volta do ano passado. Isso é necessário, porque vamos ter muitas subidas a partir da segunda semana. O objetivo era precisamente estar mais leve, sem perder potência".
Essa gestão do equilíbrio entre leveza e força tem sido uma prioridade, sobretudo depois do que aconteceu na Volta a Espanha de 2022. "Na altura estava mais leve, sim, mas também com menos potência. Desta vez quisemos encontrar o equilíbrio certo. A subida do contrarrelógio no Tour exige mais atenção ao peso do que num contrarrelógio plano. Mas é preciso garantir que há energia suficiente no final".
O rigor de Evenepoel estende-se também ao equipamento. "O que faz mesmo diferença são os detalhes técnicos: o tipo de guiador, o capacete, como agora, que é cortado atrás para ajudar a manter a cabeça baixa. Também os pneus ou as mudanças influenciam mais do que a própria posição. Cada pormenor conta. O Ganna, por exemplo, também está a usar um capacete novo. Todos estão a evoluir nesses detalhes e não nos podemos dar ao luxo de ficar para trás".