Há quatro anos,
Fabio Jakobsen era sinónimo de sucesso e resiliência. Depois da sua recuperação milagrosa da queda brutal na Volta à Polónia em 2020, o neerlandês conquistou vitórias em grandes palcos com a Soudal - Quick-Step, consolidando-se como um dos melhores sprinters do mundo.
Mas 2025 tem sido uma temporada difícil. Problemas de saúde, uma cirurgia delicada e uma nova queda atrasaram os seus planos. Agora, o ciclista de 28 anos reencontra finalmente o pelotão nas estradas da
Volta à Holanda, uma corrida que descreve como o encerramento perfeito para o seu ano mais atribulado.
“Parece um pouco a Volta a França, com tanta gente na berma da estrada a gritar o meu nome”, contou Jakobsen ao Wielerflits, visivelmente emocionado com o carinho do público. “A Holanda, a nação do ciclismo, precisa de uma corrida como esta. Estou contente por ela ter voltado. Toda a gente prefere correr aqui, no seu país, do que na China.”
Uma temporada marcada pela cirurgia e pela queda
Jakobsen iniciou o ano com ambição renovada, mas um problema na artéria ilíaca obrigou-o a suspender a época em março e a submeter-se a uma cirurgia. O processo de recuperação foi longo e doloroso, deixando-o fora das principais corridas de primavera e verão.
O regresso aconteceu apenas no Renewi Tour, em agosto e, ironicamente, com novo azar. Uma queda aparatosa provocou-lhe uma fratura da clavícula, afastando-o novamente.
“Foi uma fratura injusta”, desabafou. “Havia muito mobiliário urbano, detritos na estrada... Posso correr aqui, mas não estou na minha melhor forma. O objetivo é acumular quilómetros. É uma pena, porque a minha forma estava a melhorar. Sem a queda no Renewi Tour, podia estar a lutar pelos lugares cimeiros.”
Trabalho de equipa e espírito de gratidão
Sem a capacidade de disputar sprints, Jakobsen adaptou-se a um papel diferente nesta Volta à Holanda, trabalhar para os colegas e reencontrar sensações competitivas.
Na primeira etapa, integrou o grupo perseguidor, ajudando o jovem Tobias Lund Andresen, que terminou em terceiro lugar. Para Jakobsen, o simples facto de poder pedalar já é uma vitória.
“Agora é só ajudar a malta e manter o motor a trabalhar, e depois aproveitar o inverno. Vou tirar umas férias curtas e depois ver o que se passa”, explicou. “É muito bom poder correr aqui. Treino nestas estradas metade do tempo e conheço cada curva. Claro que preferia estar a sprintar, mas por agora quero desfrutar.”
Um símbolo de resiliência
Mesmo longe do seu auge, Fabio Jakobsen continua a ser um dos nomes mais respeitados do sprint mundial um símbolo de superação e coragem. O neerlandês encerra 2025 com humildade e gratidão, olhando para 2026 com esperança de regressar à sua melhor forma.
“Prefiro correr do que treinar. Só estar aqui, sentir o público, o ambiente... isso dá-me força. O ciclismo é duro, mas é aqui que me sinto vivo.”
Para os adeptos neerlandeses, o regresso de Jakobsen à competição em casa é mais do que uma nota de rodapé é a celebração de um lutador que continua a pedalar contra todas as adversidades.