Grande Entrevista: Primoz Roglic sobre o desafio de Tadej Pogacar no Giro, a decisão de mudar para a BORA e a saída da Visma

Primoz Roglic treinou em altitude em Teide, Tenerife, preparando-se para a época de 2024. Esta será uma época chave na sua carreira, uma vez que se afastou da equipa onde alcançou mais sucesso e um novo desafio espera o esloveno. Roglic fala do compatriota Tadej Pogacar, da sua antiga equipa Team Visma | Lease a Bike e da sua mudança para a BORA - hansgrohe.

Segundo ele, a equipa alemã fez uma mudança completa para se concentrar nas Grandes Voltas, e isso foi um ponto de viragem na sua decisão de se juntar à BORA. "Isso fez com que eu decidisse vir correr para esta equipa. Eles mudaram completamente a sua estratégia e objectivos nos últimos dois anos. Agora é uma equipa completamente diferente. Vi como competiram nos Grand Tours nas duas últimas épocas. Está bem preparada para me apoiar", afirma Roglic numa entrevista ao L'Équipe.

O esloveno teve uns primeiros meses do ano bastante preenchidos, treinando com as suas novas bicicletas Specialized, preparando-se para o Paris-Nice, onde vai começar a época - onde encontrará Remco Evenepoel. Uma fórmula que tem funcionado no passado, Roglic irá depois correr a Itzulia Basque Country, seguindo depois a tradicional preparação para a Volta a França. Será um grande rival para a sua antiga equipa, mas liderará uma BORA - hansgrohe muito forte, que deverá contar com Jai Hindley, Daniel Martínez e Aleksandr Vlasov, entre outros.

"Estive com a mesma equipa durante muito tempo. Não foi uma decisão repentina, mas na última semana da Vuelta ocorreu-me que precisava de um ambiente diferente", admite Roglic. Isto coincide com o confronto interno com Jonas Vingegaard e Sepp Kuss. Sonhando com uma vitória na Volta a França, Roglic, aos 34 anos, tomou a decisão certa. "A dada altura, é preciso dar o salto, mas só se todos os elementos estiverem reunidos. A Jumbo-Visma estava cheia de ciclistas de Grand Tour e eu tinha uma lista de vinte corridas que ainda gostaria de ganhar e que ainda não constavam do meu registo. Por isso, tive de mudar de equipa se a minha equipa não me podia dar essas oportunidades".

"Estava a falar muito a sério quando dissemos que estávamos no início da Vuelta com três líderes. Todos conhecemos as qualidades do Sepp e tínhamos um plano que o poderia colocar numa posição de liderança. Depois, ele mostrou que era suficientemente forte para ganhar e pode certamente ganhar outra Grande Volta. Continuará a ser o mesmo ciclista e tem tantas hipóteses de vencer como os outros. No nosso desporto, temos sempre de começar de novo e cada corrida tem uma história diferente", afirma.

O sinal era claro. Poucas semanas depois, Roglic mudou-se para BORA. Desde então, admite estar totalmente concentrado no Tour, apesar da forte concorrência, e a BORA também confirmou ter um alinhamento completo para atuar em França. Será uma Volta a França emocionante, uma vez que a UAE Team Emirates e a Soudal - Quick-Step também vão apostar tudo, enquanto a Team Visma | Lease a Bike continuará a ter uma equipa forte para defender o titulo que é seu nas duas ultimas épocas.

Roglic foi também inquirido sobre Tadej Pogacar, que vai fazer a dobradinha Giro-Tour este verão. Um desafio emocionante, sobre o qual Roglic fala: "É ótimo que ele tenha tomado esta decisão. Ele ainda não tem o Giro d'Italia no seu palmarés. Talvez seja mais fácil para ele ganhar do que para mim. Ainda não conhecemos todos os ciclistas que alinharão à partida, mas será difícil para alguém vence-lo. Ele gosta de chuva e de mau tempo, por isso o percurso deste ano poderá ser ao seu gosto."

Conclui com uma visão interessante sobre a sua relação com Pogi: "Em 2020 mal o conhecia, mas agora sei que é um tipo muito simpático e um grande campeão. É difícil descrever a nossa relação porque temos o mesmo trabalho, vimos do mesmo país e vivemos ambos no Mónaco. Também somos adversários. Damo-nos muito bem e ele é um ótimo companheiro de viagem e, obviamente, tem todo o meu respeito".