As Ilhas Canárias retiraram a sua candidatura para acolher a
Volta a Espanha de 2026, invocando preocupações políticas ligadas à continuidade da antiga equipa
Israel - Premier Tech no pelotão profissional. As autoridades de Gran Canaria argumentam que a mudança de nome prevista para a equipa e a alteração da nacionalidade de registo para a próxima época não constituem uma transformação significativa.
A posição contrasta com a de outras regiões, incluindo a Catalunha, que aceitou um arranque da Volta a França após a confirmação do rebranding da equipa, e reacendeu o debate sobre o lugar da estrutura Israel nas grandes provas de ciclismo.
As autoridades da Gran Canaria apontam para a turbulência registada durante a Volta a Espanha de 2025, em que várias etapas foram interrompidas por protestos e a corrida terminou com uma cerimónia de pódio improvisada num parque de estacionamento subterrâneo em Madrid. Sustentam que uma alteração administrativa cosmética dificilmente evitará situações semelhantes, e que associar a imagem da ilha a uma edição potencialmente volátil seria imprudente.
O conselho sublinha também que a questão não foi financeira. Gran Canaria insiste que tinha capacidade organizativa e recursos para receber a corrida, como já sucedeu noutros anos. A decisão, dizem, assenta exclusivamente em evitar risco reputacional caso surjam novos protestos ou perturbações.
Tenerife, por sua vez, manifestou desilusão com o colapso de uma candidatura conjunta que envolvia o governo das Canárias e os cabildos de Tenerife e Gran Canaria. A retirada de Gran Canaria tornou o projeto inviável, originando desacordos entre instituições que ambicionavam levar novamente a Grande Volta espanhola ao arquipélago.
Cenas como estas marcaram a Volta a Espanha de 2025
Houve inúmeros incidentes envolvendo a então designada Israel - Premier Tech na edição de 2025, incluindo o cancelamento da 21ª etapa, depois dos manifestantes terem invadido as estradas de Madrid.
Porque é que Gran Canaria disse não
Em declarações a La Provincia, Aridany Romero afirmou: "Há vários meses, tanto o presidente - Antonio Morales - como eu deixámos claro que a Gran Canaria não queria ver o seu nome associado à Volta a Espanha enquanto a Israel-Premier Tech estivesse a competir". Sobre as mudanças propostas pela equipa, acrescentou: "É uma tentativa de branquear, através do desporto, as ações genocidas do Estado de Israel". Prosseguiu: "Colocaram ‘Israel’ no jersey e agora, depois de tudo o que aconteceu nestes meses, limitaram-se a regressar à posição anterior", concluindo: "No essencial, nada mudou".
De Tenerife, Lope Afonso alertou que "os últimos desenvolvimentos não auguram boas perspetivas" e afirmou que "o plano original desmorona-se" após a decisão de Gran Canaria de sair de cena.