Investigador dinamarquês comenta eventual doping na Volta a França: "Só porque não se vê não quer dizer que não exista"

Ciclismo
sábado, 12 julho 2025 a 7:00
Pogacar
A impressionante vitória de Tadej Pogacar na sétima etapa da Volta a França de 2025 devolveu-lhe a camisola amarela, mas também trouxe de volta um velho fantasma: o da suspeita. Numa modalidade marcada por décadas de escândalos de dopagem, o desempenho fulgurante do esloveno volta a ser alvo de escrutínio, dentro e fora do pelotão.
O ciclismo vive um momento de extraordinário rendimento desportivo. Pogacar, campeão do mundo e vencedor da Volta a Itália há poucas semanas, parece ter subido mais um degrau no seu já altíssimo nível competitivo desde 2023. E isso não passou despercebido ao investigador dinamarquês Verner Vest Christiansen, especialista em dopagem da Universidade de Aarhus, que partilhou a sua preocupação ao jornal B.T.: “Seria muito ingénuo dizer que não”, afirmou, quando questionado sobre a possibilidade de ainda haver doping na modalidade.
Christiansen aponta para os dados que sustentam esse ceticismo: potência, velocidade e tempos de subida cada vez mais rápidos, por vezes superiores aos da era em que se comprovou o uso generalizado de substâncias ilícitas. “Estão a bater recordes e são mais rápidos do que quando se doparam”, sublinha. A evolução de Pogacar é, para o investigador, particularmente impressionante: “É compreensível que os atletas de elite aumentem o seu nível em 1, 2, talvez 3%. Mas parece que ele aumentou o seu nível 7, 8, 9, talvez até 10%. É incrível.”
A sombra dos anos 80 e 90 ainda paira sobre o desporto, numa era dominada por figuras como Lance Armstrong e um pelotão em que, segundo investigações posteriores, “99% dos ciclistas se dopavam”. Apesar dos avanços no controlo antidoping e da evolução nos métodos de treino, nutrição e equipamento, a confiança entre adeptos e especialistas continua abalada. “Só porque não se vê que há doping, não significa que não exista”, conclui Christiansen.
A dúvida é desconfortável, mas omnipresente num desporto que se reinventou, mas ainda não se redimiu completamente. A superioridade de Pogacar, que parece correr sob outras leis da física, é celebrada e contestada em igual medida. Por enquanto, o esloveno continua a brilhar na estrada, mas o debate fora dela está longe de terminar.
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