Uma investigação exaustiva levada a cabo pela RadioCycling revelou as inconsistências e a falta de testes efetivos para detetar a dopagem mecânica no ciclismo profissional, apesar das afirmações da União Ciclista Internacional (UCI) de realizar testes em todas as provas do UCI WorldTour e nas provas do UCI Women's WorldTour.
A investigação relata que se verificou a ausência de testes de fraude tecnológica em quatro das 21 etapas do Giro d'Italia deste ano, incluindo os contrarrelógios das etapas 1 e 10. Além disso, a tecnologia de raios X, um instrumento fundamental na deteção de dopagem mecânica, não foi utilizada na primeira Grande Volta da época.
O problema não se limita ao Giro d'Italia. Em grandes eventos como a Volta à França, nem o teste com equipamento magnético nem os testes de raios X foram efetuados na etapa 21 em Paris. A falta de testes foi igualmente observada noutras corridas de prestígio, como a Volta à Catalunha, a Volta à Escandinávia e o Tour Down Under, entre outras.
No caso da Paris-Nice, uma das provas mais importantes do ciclismo, não se realizaram testes nas etapas 5, 7 e 8. A Milão-San Remo, a Paris-Roubaix feminina e a Flèche Wallonne feminina também foram afetadas, com econtrolos limitados.
De acordo com a RadioCycling, na ausência de provas credíveis e efetivas, altos funcionários da UCI terão manifestado dúvidas sobre a possível utilização de motores no pelotão. Em resposta a esta preocupação, a RadioCycling solicitou dados de 51 corridas masculinas e femininas do WorldTour. Destas 51, apenas 24 forneceram informações, enquanto 12 disseram que a UCI não tinha partilhado os dados e 15 não responderam.
A UCI, no seu comunicado, defendeu o seu programa contra a fraude tecnológica, afirmando que foram efetuados 4.280 testes em 2023, utilizando ferramentas magnéticas em 3.777 deles e tecnologia de raios X em 503 testes. De acordo com a UCI, todos os testes foram negativos.