"Isso é algo com que Pogacar não tem problema" - Ex-ciclista neerlandês defende que Jonas Vingegaard tem dificuldades em lidar com a carga mental das corridas

Tadej Pogacar e Jonas Vingegaard são os dois melhores trepadores do pelotão, mas têm estilos de vida e formas de desligar da competição muito diferentes.

Jonas Vingegaard, pai de duas crianças, vive longe dos holofotes na maior parte do tempo quando não está a competir. As quedas também lhe cobram um preço maior, tendo em conta a sua vida pessoal. “Ele também indicou que a queda foi uma experiência traumática. Está a competir contra Pogacar, que tem uma visão da vida muito diferente. Dificilmente será coincidência que os prodígios do pelotão atual, Pogacar, Mathieu van der Poel e Remco Evenepoel, não tenham filhos”, argumentou Stef Clement em declarações à Helden Magazine.

O antigo profissional neerlandês defende que não é coincidência que a maioria dos grandes corredores ainda não tenha filhos, pois trata-se de um estilo de vida muito exigente e difícil, com muitos meses por ano longe de casa, para além dos riscos do ciclismo. Muitos ficam mais receosos no pelotão, cada vez mais perigoso, após constituírem família, e com razão.

Quem não tem, talvez não carregue essa preocupação. No entanto, no geral, permite colocar mais foco na competição e na preparação, sustenta Clement. “Acho que são mais desinibidos na bicicleta, arrancam com mais facilidade e ainda conseguem manter um foco um pouco mais completo no ciclismo”.

“Vingegaard já afirmou anteriormente que luta com a pressão que sente”, argumenta Karsten Kroon. “Isso é algo com que Pogacar não tem problema nenhum. Não o incomoda nem um pouco. Sorri antes da partida, durante a corrida e depois”.

Este ponto, porém, suscita dúvidas, já que tanto Pogacar como a UAE Team Emirates - XRG têm sido claros ao afirmar que o Campeão do Mundo está a limitar os seus dias de competição devido às responsabilidades que o seu estatuto acarreta atualmente.

Recentemente, numa entrevista ao Wielerflits, o diretor desportivo Mauro Gianetti também foi muito claro ao dizer que a equipa tem de gerir o volume de corridas que ele faz: “Temos de ser cuidadosos para que tenha um máximo de cerca de 60 dias de competição por ano. Sobretudo tendo em conta o seu estilo agressivo de correr, isso consome uma enorme quantidade de energia”.

Contudo, é provável que o mesmo se aplique ao dinamarquês, duas vezes vencedor da Volta a França. “Acho que o Vingegaard poderia suportar facilmente competir mais do que faz agora. E, com isso, refiro-me ao plano físico. Só duvido que consiga lidar mentalmente com muito mais dias de corrida”.