O sorriso de Haimar Etxeberria diz tudo. Aos 22 anos, o corredor de Irún sobe ao WorldTour, e fá-lo na
Red Bull - BORA - Hansgrohe, uma das estruturas mais poderosas do pelotão internacional. Um passo decisivo na carreira após a passagem pela Kern Pharma, a equipa com quem tinha contrato antes de este ter sido adquirido pelos alemães nos últimos meses. O espanhol inspira-se em
Peter Sagan, o homem que catapultou esta equipa para o topo da modalidade.
O próprio corredor não esconde a gratidão: “Descreveria a Kern Pharma como a equipa do momento. Continuam a formar corredores muito bons… e isso não é por acaso. O Juanjo Oroz (diretor desportivo) gere uma mina de talento. É como o apoio de um pai e todo o trabalho que fazem é admirável”, disse o espanhol em entrevista ao AS.
A ascensão de Etxeberria foi tão rápida quanto sólida. Depois de integrar a Finisher, equipa de desenvolvimento da Kern Pharma, em 2024, subiu à formação principal em agosto do mesmo ano. Os indícios já apontavam alto e, em 2025, chegou a sua primeira vitória profissional na Volta a Castilla e León.
Agora, rodeado por figuras como Primoz Roglic e Remco Evenepoel no estágio da Red Bull - BORA em Maiorca, absorve tudo com espanto: “Vem aí uma mudança enorme, um sonho desde miúdo. Se me tivessem dito há um ano, não acreditava. E há seis meses, também não. Ainda por cima numa equipa como a Red Bull - BORA. É algo excecional e empolgante”.
Um verão delicado e apoio da família
Haimar Etxeberria vai correr pela Red Bull - BORA em 2026
O processo não esteve isento de dificuldades. Etxeberria admite que o último verão foi duro de gerir, embora tenha optado por afastar-se: “A situação não foi fácil de gerir no verão, mas mantive-me à margem. Quando tudo ficou resolvido, senti-me mais tranquilo, porque há sempre aquela dúvida a moer”.
Pelo caminho, o apoio pessoal foi decisivo: “Sou um corredor muito familiar, próximo dos meus, especialmente do meu pai e da minha avó, com quem vivo, e desfruto do ciclismo. O meu trabalho faz-me feliz, apesar de ter passado anos difíceis em que até pensei em desistir por causa de lesões”.
Dentro da Red Bull - BORA, um dos seus principais apoios é Patxi Vila, antigo ciclista e atual diretor desportivo, com quem até partilha treinos. Etxeberria valoriza especialmente essa proximidade: “Normalmente há corredores mais velhos no meu grupo, e o Patxi é um deles. A relação é próxima e assim treina-se mais facilmente. Esteve sempre atento a mim e conhecemo-nos desde sempre. É um dos meus pilares na equipa”.
Fora da bicicleta, o basco procura equilíbrio e desligar, algo que considera essencial para o seu crescimento: é fã “do automobilismo, dos desportos motorizados, de sair para jantar com a minha companheira e amigos… e de desligar do ciclo competitivo que afeta qualquer ciclista.” Tudo isto a caminho de uma primeira época no WorldTour que aborda com realismo e ambição, como “uma mudança, uma saída da zona de conforto, para um primeiro ano que será ‘de aprendizagem e crescimento para evitar estagnar’”.
Um corredor completo e uma referência clara
No plano desportivo, Etxeberria é claro sobre quem é: “Vejo-me como um todo-o-terreno com aquela ponta final quando a meta está à vista, foi isso que me trouxe vitórias nos escalões jovens”.
Entre as referências, destaca-se um nome intimamente ligado à sua nova equipa: Peter Sagan. “Foi o corredor que sempre segui de perto. Agora já nos habituámos aos ataques do Pogacar, mas lembro-me quando o Sagan atacava no Paris-Roubaix a 60 quilómetros da meta e parecia loucura. Dizíamos que não chegava, e ele chegava. Hoje, sim, quando o Pogacar arranca dizemos que a corrida acabou, mas o Sagan foi quem me prendeu ao ciclismo, e foi na atual Red Bull - BORA”.
Olhando em frente, Haimar Etxeberria não esconde ambições, sobretudo em casa. Quer competir diante dos seus em provas como “Volta ao País Basco e Clásica de San Sebastián” e, claro, voltar a saborear a vitória: “Desejei isso em 2025 e cumpriu-se, por isso seria bonito repetir”.