Em 2025.
Michael Storer venceu a Volta aos Alpes, terminou no Top 10 da Volta a Itália e subiu ao pódio da Il Lombardia com Tadej Pogacar e Remco Evenepoel. Tudo isto após a mudança para a
Tudor Pro Cycling Team, formação de nível ProTeam que investiu nele como líder. Ao contrário da
Groupama - FDJ, onde já apresentava um nível muito alto, mas onde afirma que a equipa fez pouco para o ajudar a tornar-se um ciclista melhor.
Storer tornou-se profissional na Team Sunweb, atualmente denominada Team Picnic PostNL, em 2018. Após quatro anos na equipa neerlandesa, saiu da zona de conforto e assinou por duas temporadas com a Groupama-FDJ. Foi um movimento arriscado, para uma estrutura com forte foco e idioma franceses, mas onde tinha qualidade para assumir um papel de liderança e encontrar mais liberdade.
No último ano com a Picnic PostNL venceu a Tour de l'Ain e duas etapas na Volta a Espanha, além da classificação da montanha. O potencial era evidente. Contudo, a Groupama não o capitalizou. Correu a Volta a França e a Volta a Espanha sem resultados de relevo; enquanto a geral no Tour de l'Ain em 2023 acabou por ser o destaque. Nessa altura, já queria sair da equipa. Raramente um ciclista é tão abertamente crítico de uma antiga equipa em público.
“É preciso olhar com atenção para perceber que, na verdade, é um passo em frente (a sua transferência para a Tudor) porque a Groupama não tem a melhor estrutura de apoio. Estão um pouco presos aos seus métodos”, partilhou Storer no podcast
Domestique Hotseat. “Isso não vai mudar. Mesmo que eu o diga num podcast, eles não vão ouvir”.
A equipa tem sido descrita, há vários anos, como tradicional nos métodos de treino,
enquanto o agora reformado dirigente Marc Madiot surgiu frequentemente nos media a criticar aspetos modernos da modalidade. Embora por vezes com lógica, parecia haver um padrão em que alguns detalhes se perdiam pelo caminho. Storer não especifica quais, mas dá mais pormenores sobre a experiência que teve na equipa, sem aparente ligação emocional a ela, ao falar do tema sem rodeios.
O nível de Michael Storer na Volta aos Alpes foi impressionante e venceu a classificação geral
Nada que ajudasse Storer a evoluir
“Queria ir para uma equipa que realmente se preocupasse em tornar-me melhor, que me desse apoio a sério”, afirmou. “Porque dizem que te vão ajudar e tal, mas depois meio que esperam que sejas bom, sem realmente fazer nada para te ajudar a ser um bom ciclista”. É uma crítica dura do australiano, que parece ter fundamento, já que a mudança para a Tudor o fez evoluir de forma exponencial na estrada.
“Na Tudor, sou praticamente o homem de referência. Estão a canalizar muitos recursos para me ajudar a atingir o meu potencial. Enquanto, se fosse para equipas como a Groupama, eles colocam os recursos em dois corredores, talvez três”.
Métodos rudimentares de treino, ao mais alto nível do ciclismo, ainda não são coisa do passado e, ainda hoje, há quem trate certos detalhes de forma muito básica. Arne Marit, da Red Bull - BORA - Hansgrohe, descreveu recentemente como a
Intermarché - Wanty, durante o estágio de inverno de 2024, aparentemente atribuiu a todos os corredores o mesmo plano de treinos, em vez de trabalhar individualmente. Matteo Jorgenson também ficou conhecido por ter partido para a Team Visma | Lease a Bike depois de, na Movistar, pagar do próprio bolso estágios individuais, e a sua evolução também foi exponencial.
Aos 28 anos, Storer reforça a ideia de que algumas equipas pouco atentam aos corredores que não são os grandes líderes, o que, diz, acontecia na Groupama. “Esse pode ser o problema nas grandes equipas. Vais para lá e quase de certeza não vais ser o número um em quem investem recursos. Vais ser talvez o número três, número quatro. És um pensamento de última hora”.