A E3 Saxo Classic foi mais um episódio cinzento na primavera da Team Visma | Lease a Bike, que voltou a estar ausente dos momentos decisivos. Wout van Aert não conseguiu acompanhar os principais ataques e nenhum elemento da formação neerlandesa se aproximou da luta pela vitória, dominada de forma incontestável por Mathieu van der Poel. O neerlandês da Alpecin-Deceuninck confirmou-se, ao lado de Tadej Pogacar, como um dos grandes favoritos à vitória na Volta à Flandres da próxima semana.
"Ele veio para obter um bom resultado, mas isso não aconteceu. A equipa inteira esteve abaixo do nível a que nos habituou. Talvez o Matteo Jorgenson tenha sido a exceção. E achei a tática da equipa um pouco estranha", comentou Jan Bakelants à VTM.
Van Aert estava mal colocado quando a corrida explodiu no Taaienberg, e nem chegou a integrar o grupo perseguidor. Mais tarde, tentou reagir com Florian Vermeersch, mas a movimentação aconteceu já demasiado longe da frente para ter impacto - ao ponto de nem ter sido mostrada pela realização televisiva.
Para Bakelants, as decisões táticas da equipa também deixaram a desejar:
"Porque é que o Julien Vermote começou a puxar quando o pelotão se dividiu? Foi uma manobra muito ousada e acabou por desgastar os próprios colegas. Eu não teria feito isso. Além disso, acabou por gerar insatisfação nas outras equipas", referiu. "Mais tarde, no Kortekeer, a equipa não se preocupou em subir no grupo. Ficaram sentados, à espera. São momentos como esses que é preciso aproveitar para estar na frente".
A falha de posicionamento foi particularmente penalizadora depois do ataque de Mads Pedersen, a 80 quilómetros da meta, que acabou por definir a corrida.
Parceiro de treino habitual de Van Aert, Jan Bakelants admite que não consegue avaliar com precisão o nível do belga:
"É difícil dizer. Não tenho falado com ele ultimamente e também não estive no estágio em altitude. Ele precisa de confiar no processo e adaptar-se de forma flexível às oportunidades. Talvez não fosse má ideia alinhar na Gent-Wevelgem, ganhar ritmo competitivo".
Já José De Cauwer, comentador e ex-selecionador da Bélgica, mantém alguma esperança, mas admite que o tempo começa a apertar:
"Pensamos sempre no Van Aert das grandes exibições, por isso não estou a dizer que ele desapareceu. Mas há trabalho a fazer", alertou. "A grande questão é se ele vai conseguir estar em forma a tempo da Volta à Flandres. É necessário sentar-se com o treinador e perceber: está cansado ou ainda há margem para evoluir? Se houver espaço para subir de forma, então a Dwars door Vlaanderen pode ser uma corrida importante para ganhar confiança".
Com a Volta à Flandres e a Paris-Roubaix ao virar da esquina, Van Aert enfrenta agora um desafio extra: reconquistar as melhores sensações e recuperar o protagonismo num pelotão cada vez mais competitivo.
🇧🇪 #E3SaxoClassic
— Team Visma | Lease a Bike (@vismaleaseabike) March 28, 2025
It's ninth for Matteo after another tough edition. pic.twitter.com/NJzGDbhrby