Johan Bruyneel demonstrou forte preocupação com o momento de forma de Wout van Aert, não apenas pela sua prestação na E3 Saxo Classic, mas pelo rendimento geral ao longo desta temporada. No podcast The Move, o antigo diretor desportivo belga analisou o desempenho do líder da Team Visma | Lease a Bike, deixando no ar dúvidas quanto à sua capacidade para estar no auge nas suas grandes metas: a Volta à Flandres e a Paris-Roubaix.
Bruyneel aproveitou ainda para comentar, de forma polémica, os vários incidentes que marcaram a Clássica Brugge-De Panne, onde quatro quedas em massa ocorreram nos últimos cinco quilómetros e uma cabeçada de Jonathan Milan a Alexander Kristoff gerou bastante controvérsia, embora sem consequências disciplinares.
“Tenho uma mensagem para todas as pessoas que se acham no direito de julgar e ditar sentenças como ‘este devia ser desqualificado imediatamente’ ou ‘suspenso por duas semanas’: este desporto não é para meninos”, atirou Bruyneel. “Isto é uma guerra. Se não empurrarmos, somos empurrados. É assim que funciona. Se queres ganhar uma corrida, tens de te concentrar na linha de meta".
Sobre Van Aert, Bruyneel não escondeu o crescente ceticismo em relação à sua preparação, apesar de o belga ter regressado à competição após um estágio em altitude. A ausência de protagonismo na E3 e os resultados acumulados nas provas anteriores estão longe de convencer o antigo responsável da US Postal.
“Estou a começar a ficar verdadeiramente preocupado com o Van Aert. Podemos argumentar que esteve em altitude, que esta foi a sua primeira corrida após uma paragem, mas este não é o Wout van Aert a que estamos habituados”, afirmou.
Os números sustentam essa preocupação: o belga foi 39.º na Clássica de Jaén, 11.º na Omloop Het Nieuwsblad, 75.º na Kuurne-Bruxelas-Kuurne e 15.º na E3 Saxo Classic. Resultados modestos, sobretudo quando comparados com o domínio de Mathieu van der Poel, vencedor das três clássicas de um dia que disputou até agora.
Bruyneel destacou um padrão comum nos desempenhos de Van Aert: “Em todas essas primeiras clássicas, reparei que ele esteve muito mal posicionado nos momentos decisivos. E ontem vimos o mesmo. Van Aert não estava onde devia estar, sendo um dos favoritos".
E vai mais longe, ao sugerir que o problema não se resume apenas ao posicionamento:
“Podemos falar de má colocação, mas para mim, o verdadeiro problema é que ele não tinha pernas para estar bem posicionado. Espero sinceramente estar enganado, porque gosto muito do Wout, sou fã, e ele merece grandes vitórias. Mas tenho dúvidas de que consiga recuperar esta diferença de forma nas próximas semanas. A Flandres e Roubaix são os grandes objetivos… mas neste momento, não me parece nada promissor".
Com pouco mais de uma semana até à Volta à Flandres, as interrogações sobre o estado de Van Aert intensificam-se - e as expectativas em torno do seu desempenho nas clássicas empedradas estão mais incertas do que nunca.