O quarto lugar de
Remco Evenepoel no
Critérium du Dauphiné 2025 gerou reações mistas. Apesar de o líder da
Soudal - Quick-Step ter voltado a demonstrar a sua classe mundial com uma vitória na etapa de contrarrelógio, terminou bastante distante de
Tadej Pogacar e
Jonas Vingegaard nas montanhas e nem todos acreditam que restará tempo suficiente para encurtar essa diferença antes da
Volta a França.
Entre os cépticos está
Jan Bakelants. O antigo profissional foi direto ao assunto numa análise publicada no
Het Laatste Nieuws. "Remco Evenepoel não tem qualquer hipótese de vencer a Volta a França", afirmou. "A diferença para Vingegaard e Pogacar parece ser ainda maior do que no ano passado. Ainda faltam duas semanas e meia para a partida, mas os milagres não existem".
Para Bakelants, esta edição do Dauphiné não revelou apenas uma hierarquia mais consolidada no topo da classificação, mas também uma fragilidade estrutural relevante na estratégia da formação belga.
"Na etapa de sábado, Evenepoel já estava sozinho, enquanto as outras equipas ainda tinham cinco ciclistas no grupo dos favoritos", sublinhou. "Para um candidato à vitória geral, é necessária uma boa equipa no Tour. Mas Remco não é um candidato à vitória neste momento".
Sem Landa, Evenepoel deverá contar com Van Wilder, Lecerf e Paret-Peintre como principais apoios na montanha
O que mais incomoda Bakelants são as mensagens que têm vindo da estrutura da Soudal - Quick-Step. "Estou um pouco irritado com a forma como a direção da sua equipa tenta acalmar a situação. A linha entre 'confiar no processo' e ingenuidade é muitas vezes muito ténue. Não é mau levantar agora a bandeira branca sobre a vitória no Tour".
O ex-ciclista chegou mesmo a interpretar a convocatória do sprinter Tim Merlier para a Volta a França como um sinal claro da nova abordagem da equipa. "Isso é o mesmo que dizer: não podemos ganhar o Tour e estamos a tentar tirar o máximo proveito dele com vitórias em etapas".
Ainda assim, Bakelants não poupou elogios ao desempenho de Evenepoel no contrarrelógio, classificando-o como um momento realmente impressionante e decisivo para a definição dos objetivos da equipa. "O seu objetivo mais importante no Tour deve ser ganhar o contrarrelógio em Caen no quinto dia e, assim, usar a camisola amarela até aos Pirinéus".
E para um corredor ofensivo como Evenepoel, Bakelants deixou um último conselho. "A melhor coisa que ele pode fazer é correr os primeiros nove dias do Tour como fez na etapa de abertura do Dauphiné: aproveitar todas as oportunidades que se apresentarem. Para citar André Hazes Júnior: 'Aproveita tudo o que puderes'."