Jasper Philipsen junta-se ao coro de vozes críticas do novo final da Volta a França em Paris: "Pessoalmente, não vejo uma razão clara para alterar o final"

A tradicional chegada aos Campos Elísios está em risco de se tornar uma peça de museu. Após a alteração forçada de 2024, devido aos Jogos Olímpicos, a Volta a França de 2025 manterá o desvio do habitual sprint final em Paris, optando por uma etapa de circuito com passagens pela icónica subida de Montmartre - um cenário que ameaça as ambições dos sprinters puros.

Para Jasper Philipsen, vencedor de três etapas na última edição e já vencedor de uma etapa nos Campos Elísios na sua carreira, a notícia não é bem-vinda. “Como sprinter, é claramente uma pena ver esta etapa ser alterada, pois tinha-se tornado uma tradição magnífica”, afirmou o belga da Alpecin-Deceuninck ao L'Équipe.

Apesar da crítica, Philipsen mostrou-se diplomático em relação às decisões da organização: "Pessoalmente, não vejo uma razão clara para alterar o final, mas tenho confiança no facto de a ASO ter motivações válidas e ponderadas".

A nova proposta inclui três passagens por Montmartre, uma subida curta mas exigente que pode dinamitar o habitual cenário controlado por equipas de sprinters. Ainda assim, Philipsen mantém a esperança de brilhar: “Isso não significa que um sprinter já não possa ganhar”. Conhecido pela sua versatilidade, o belga poderá até beneficiar de um percurso mais duro para eliminar adversários menos resistentes.

No entanto, há uma nuance importante: se a classificação geral estiver apertada, tudo pode mudar. “Se tudo se mantiver próximo, o nível de stress no pelotão irá claramente aumentar, especialmente quando nos aproximarmos de Montmartre”, alerta. "Nenhum dos concorrentes à geral vai querer perder um segundo sequer".

Philipsen antecipa uma última etapa muito mais agressiva e caótica do que o habitual passeio triunfal: "Em anos anteriores, as equipas da geral podiam desfrutar de um dia mais descontraído, mas agora vão ter de se manter completamente concentradas até ao fim".

A Volta a França poderá estar a reescrever as suas tradições. E embora os Campos Elísios possam voltar um dia, o espírito da corrida mais importante do mundo parece determinado a evoluir - nem que para isso precise de sacudir os alicerces do sprint.