Jens Voigt sobre Pogacar em Roubaix: “Não se vence só com força bruta e talento. Faltou-lhe uma equipa como a de Van der Poel”

Tadej Pogacar fez a sua aguardada estreia na Paris-Roubaix no passado domingo, mas acabou por sair derrotado na batalha contra Mathieu van der Poel naquele que é considerado o mais implacável dos Monumentos. Apesar de um desempenho impressionante, o esloveno não conseguiu travar o campeão neerlandês, que conquistou o seu terceiro triunfo consecutivo no “Inferno do Norte”.

Para o antigo profissional Jens Voigt, a explicação para o desfecho da corrida vai para lá das pernas. O alemão, hoje com 53 anos, analisou a prova para a Eurosport e elogiou a estreia de Pogacar, sublinhando que o segundo lugar é, por si só, um feito notável.

“Quantos ciclistas terminam em segundo na sua primeira participação? Muito poucos. Ele causou uma forte impressão e pode estar orgulhoso da sua corrida”, afirmou Voigt.

Ainda assim, o ex-ciclista aponta um factor determinante para a superioridade de Van der Poel: a diferença entre as equipas. Embora a UAE Team Emirates - XRG seja uma das formações mais poderosas do pelotão nas provas por etapas, tem sentido dificuldades em igualar a consistência da Alpecin-Deceuninck nos Monumentos.

“Não se ganha uma corrida como a Paris-Roubaix apenas com força bruta e talento. É preciso ter uma equipa que faça o trabalho de base, e isso faltou um pouco à UAE”, explicou Voigt.

De facto, o domínio da formação belga tem sido evidente: com Van der Poel, a Alpecin-Deceuninck somou recentemente vitórias consecutivas na Roubaix e na Milan-Sanremo, consolidando o seu estatuto de referência nas grandes clássicas.

Apesar da derrota, Voigt acredita que a hegemonia de Van der Poel e Pogacar nas provas de um dia está longe de terminar. “Nos próximos dois ou três anos, estes dois vão, provavelmente, continuar a dominar. Pode ser frustrante para os restantes ciclistas, mas é essa a realidade. Neste momento, não há forma de ganhar ao Van der Poel e ao Pogacar.”