Marc Madiot sobre o aumento exponencial do dinheiro do ciclismo na década de 2020: "Não faz sentido continuar a chamar-lhes equipas, se estão a investir 50 milhões de euros"

O ciclismo é um desporto onde o dinheiro presente está a aumentar exponencialmente nos últimos anos, o que é bom para a estabilidade de algumas equipas de topo, mas aumenta significativamente as diferenças para as restantes. Marc Madiot, diretor da Groupama - FDJ, receia que este "esbanjamento de dinheiro" esteja a atingir um nível excessivo e preocupa-se com a sustentabilidade da modalidade.

Para além disso, preocupa-se também com os perigos crescentes para os ciclistas profissionais durante as corridas: "Os ciclistas estão a andar cada vez mais depressa em terrenos que são precisamente concebidos para abrandar os veículos. É ainda mais perigoso nas descidas. E como muitos ciclistas não querem perceber o que se passa, só há uma solução: reduzir a velocidade", disse Madiot em declarações ao L'Équipe, não muito longe da proposta do diretor da Volta a França, Christian Prudhomme.

Recentemente, vimos Mathieu van der Poel, que ganha muito dinheiro ao participar nas corridas de ciclocrosse, chegar a uma corrida num Lamborghini de 500000 euros e, para a Taça do Mundo de Besançon, no domingo, voou num jato privado, algo impensável há alguns anos. É outra coisa que Madiot não hesitou em salientar, como um sinal de que o dinheiro está a mudar as coisas no desporto, e que isso vai continuar a acontecer.

"Não é uma crítica, mas vejo o Van der Poel a chegar a uma corrida de ciclocrosse com o seu Lamborghini e a voar para Besançon num jato privado, ganha 50000 euros por cada cross. Ainda bem para ele, mas o mundo do ciclismo está a mudar. A Red Bull já está no futebol, na Fórmula 1 e nos barcos, tal como a INEOS. Agora estão aqui. Penso que vamos assistir a uma grande mudança em 2025 e 2026".

É "o fim de uma era", segundo o veterano, os tempos estão a mudar. "Pessoas como Patrick Lefevere e eu somos pequenos merceeiros, agora temos cinco ou seis grandes grupos. Já não vale a pena chamar-lhes equipas, se eles investem 50 milhões de euros. Com o tempo, poderão ser dez ou quinze grupos. Isso vai levantar questões junto dos patrocinadores, que vão esperar mais em termos de investimento de imagem por dez milhões. Eles querem ganhar dinheiro, enquanto nós sempre estivemos num modelo de equilíbrio. Será que estamos preparados para isto enquanto ciclismo? Será que queremos isto?".

Leia também

Remco Evenepoel e a sua mulher Oumi desmentem os rumores de traição e separação: "Os mexericos e os rumores não são novidade para nós, apesar de terem sido extremos desta vez"

O mais velho vencedor de uma etapa da Volta a França, Émile Idée, morreu aos 104 anos