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Volta a Itália 2025 aproximou-se do seu desfecho com uma das reviravoltas mais memoráveis dos últimos anos.
Simon Yates surpreendeu o mundo do ciclismo ao bater
Isaac del Toro e
Richard Carapaz no Colle delle Finestre, conquistando uma vitória épica que ficará para a história.
Del Toro, até então firme líder da corrida e a grande revelação da prova, viu o seu sonho ruir no momento decisivo. Joxean Matxín, diretor desportivo da
UAE Team Emirates - XRG, falou ao El Maillot sobre o dia em que tudo mudou e sobre o que vem a seguir para o jovem mexicano.
"Bem, foi uma subida onde a marcação entre Carapaz e o Isaac foi clara", começou por explicar Matxín. "Tantos ataques, tantas travagens... No fim, o Isaac não podia fazer muito mais. Quando finalmente recuperou boas sensações, já era tarde."
Joxean Matxín, diretor desportivo da UAE Team Emirates XRG
Matxín, que conhece bem os altos e baixos das Grandes Voltas, mostrou-se realista mas protetor com o seu pupilo de 21 anos. "Perder um Giro é duro. Passamos pelo oposto em 2024, quando vencemos, e sabemos que a diferença entre a vitória e a derrota é muito curta. Mas com 21 anos, o Isaac tem o futuro todo pela frente."
O diretor desportivo revelou ainda detalhes sobre o que o próprio Del Toro sentiu durante o dia mais duro da sua jovem carreira. "Ele disse no pódio que estava no limite. Se o Carapaz não tivesse parado a certo momento, ele tinha cedido. Aquelas pausas acabaram por salvá-lo temporariamente, mas foi um desgaste brutal."
Perante a inevitável pergunta sobre a ausência de homens da UAE na frente da corrida, Matxín foi pragmático. "Fizemos esse trabalho quase todos os dias. Hoje, sabíamos que o essencial era imprimir um ritmo sustentado. A EF Education tornou os primeiros quilómetros muito explosivos e conseguimos proteger o Isaac com o Adam [Yates], o Brandon [McNulty] e o Rafa [Majka]. Mas quando a corrida explodiu, foi um mano a mano entre os três melhores deste Giro."
Perder a Camisola Rosa a um dia da chegada a Roma foi um duro golpe, para todos. E Matxín não escondeu o peso da desilusão: "É evidente que quando se está tão perto, perder custa. A camisola branca é um prémio importante, mas não substitui a rosa. Ainda assim, a única coisa que podemos fazer agora é apoiá-lo, amá-lo, defendê-lo, sobretudo nos momentos difíceis, que fazem parte da carreira de qualquer campeão."
Apesar do amargo desfecho, Isaac del Toro sai do Giro com a certeza de que o futuro lhe pertence. Num desporto onde os mais fortes nem sempre vencem e onde a experiência conta tanto como as pernas, o mexicano mostrou maturidade, resistência e talento puro. Virtudes que, mais cedo ou mais tarde, o levarão de novo à luta pelas Grandes Voltas e, quem sabe, à tão sonhada vitória.