Enquanto os holofotes da Volta à Itália 2025 estão concentrados em nomes como Juan Ayuso, Primoz Roglic e Adam Yates, um dos ciclistas mais em forma do pelotão chega ao Giro sem grande alarido mediático.
Michael Storer, líder da
Tudor Pro Cycling Team, impressionou com uma exibição dominante na Volta aos Alpes, e a sua equipa acredita firmemente que o australiano poderá ser uma das revelações na luta pela classificação geral.
Apesar de ainda não ser amplamente reconhecido como um candidato de topo, Storer tem vindo a consolidar um perfil de trepador resistente, consistente e estrategicamente maduro. O seu treinador, Sebastian Deckert, reforça a confiança depositada no ciclista em declarações à
IDL Pro Cycling: “É preciso ser consistente numa corrida como o Giro e o Michael tem trabalhado muito bem nos últimos meses. Sempre teve potencial, mesmo que isso nem sempre se refletisse nos resultados.”
Deckert realça que a preparação para a
Volta a Itália não foi radicalmente diferente de anos anteriores, mas que a evolução de Storer tem sido evidente. “Não é a primeira vez que o levamos a uma Grande Volta. Achamos que ele ainda pode melhorar. Quando ganhou duas etapas nos Alpes, estava até melhor do que quando venceu o Tour de l’Ain. É um processo de crescimento.”
Questionado sobre a possibilidade de Storer ter atingido o pico demasiado cedo, após o triunfo nos Alpes, Deckert tranquiliza: “É melhor estar bem e continuar a trabalhar a partir daí do que o contrário. Vamos enfrentar concorrência de alto nível, mas só controlamos o que fazemos. Por isso, não sabemos qual será o resultado, mas vamos lutar todos os dias e ver o que acontece.”
A confiança estende-se também ao diretor desportivo Claudio Cozzi, que tem procurado apoiar a evolução de Storer enquanto líder: “Acreditamos que ele pode ser um forte ciclista de classificação geral. Não sabemos se pode ganhar uma Grande Volta, mas queremos que consiga um bom resultado. Também estamos a trabalhar o seu papel de liderança, com a ajuda da equipa.”
Segundo Cozzi, a equipa tem procurado reforçar o apoio ao redor do australiano, que em 2024 muitas vezes teve de enfrentar momentos decisivos sozinho. Agora, está mais bem rodeado e com liberdade para ser ele próprio, algo que, segundo Deckert, é fundamental: “Não existe apenas um tipo de líder. Cada um tem a sua personalidade. O importante é sentirmo-nos apoiados e sermos fiéis a quem somos. Fingir ser outra pessoa só nos consome energia. Quando somos autênticos, ganhamos confiança — e quando temos confiança, arriscamos mais e a corrida torna-se melhor.”
Matteo Tosatto, elemento da estrutura técnica da Tudor, tem também tido um papel próximo na orientação de Storer, incentivando-o a tomar decisões arrojadas e a assumir riscos táticos quando necessário.
Com confiança crescente, apoio estruturado e uma forma física evidente, Michael Storer pode ser uma das figuras a emergir discretamente na luta pela camisola rosa — e, quem sabe, abalar a hierarquia estabelecida nas próximas três semanas.