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Miguel Indurain ganhou cinco vezes a Volta a França e fez a dobradinha Giro-Tour, um feito que acredita que Tadej Pogacar é capaz de replicar. O espanhol falou muito sobre as mudanças tecnológicas ocorridas nos últimos 30 anos no pelotão e sobre as hipóteses de o ciclista da UAE Team Emirates vencer a edição deste ano.
"Vejo-o bem, este pode ser o ano certo. Mas cuidado para não subestimar Vingegaard, estou à espera que ele melhore com o passar das etapas. O esloveno é jovem e começou a ganhar muito cedo, não me surpreenderia se ultrapassasse os meus 5 Tours", disse Indurain numa entrevista à Gazzetta dello Sport. Atualmente, Pogacar tem dois, e poderia muito bem ter quatro se Jonas Vingegaard não tivesse aparecido.
Mas Indurain acredita que Pogacar chegará ao limite dentro de alguns anos. "Mesmo que eu ache que ele tenha assim tantos anos pela frente: manter-se a estes níveis requer um esforço físico e mental quase sobre-humano, depois de 10 anos de corridas tão intensas a cabeça só pode dizer chega".
A lenda espanhola foi questionada sobre o que pensa da tecnologia e da dimensão das equipas do pelotão atual em comparação com os anos 90 e a resposta é bastante completa: "Hoje em dia, o ciclismo é um desporto globalizado. Hoje, os ciclistas dispõem das melhores tecnologias: capacetes e fatos aerodinâmicos, materiais e rodas incríveis, potenciómetros".
"Quando ganhei os meus Tours, mal tinha um monitor de frequência cardíaca. Não digo isto com mágoa, cada um tem a sua época. A minha Banesto tinha uma equipa de 20/25 pessoas, hoje em dia as equipas com os maiores orçamentos chegam facilmente às 100". Não parece muito distante, mas o aumento da nutrição também foi incrivelmente acentuado na última década, e Indurain conta como este aspeto do desporto era simples nos dias em que ele pedalava para ganhar.
"Lembro-me que em 1992 começámos a tomar os primeiros sais minerais e comprimidos de glucose. Mas nem sequer sei dizer quantos gramas de hidratos de carbono tomava por hora. A única preocupação era lembrarmo-nos de comer uma sandes, senão entrávamos numa crise de fome", admite. "E na altura isso acontecia muitas vezes. Hoje em dia, quem é que ainda vê uma crise de fome? Estes tipos estão a ir muito depressa, mas têm à sua disposição produtos que os ajudam muito".
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