Johan Museeuw, um dos maiores especialistas em clássicas da história do ciclismo, falou recentemente sobre a atual geração de campeões, numa antevisão da Volta a França onde destacou os talentos de
Wout van Aert,
Mathieu van der Poel e
Tadej Pogacar, ciclista que, apesar do foco nas grandes voltas, já mostrou capacidade para brilhar também nos monumentos empedrados.
"Se alguém me der um comprimido que me torne trinta anos mais novo, aceito-o imediatamente. Não teria qualquer problema em competir com esta geração. Não vou dizer que seria tão forte como Mathieu van der Poel ou Wout van Aert, mas continuaria a competir com afinco", disse Museeuw em entrevista à Wieler Revue.
O belga foi também desafiado a comentar as hipóteses de Van Aert voltar a conquistar um Monumento empedrado, depois de uma campanha de clássicas marcada por azares e decepções. Museeuw reconhece que não é tarefa fácil, especialmente com Pogacar agora também a demonstrar que pode ganhar a Paris-Roubaix, mas acredita no compatriota: "Se ele estiver a cem por cento e tudo correr bem, então sim, ele pode. Depois de Pogacar, ele pode muito bem ter o maior motor do pelotão".
Wout Van Aert tentará regressar às vitórias na Volta a França
Van Aert entrou nas clássicas na melhor forma da época, mas uma doença antes da Volta a Itália atrasou a sua preparação. Mesmo assim, recuperou a condição em tempo útil para brilhar na nona etapa da Corsa Rosa, vencendo a etapa de sterrato. Posteriormente, assumiu um papel crucial na estratégia da
Team Visma | Lease a Bike, contribuindo para o triunfo de Simon Yates na classificação geral. Esse desempenho reforçou a ideia de que o belga está novamente pronto para ser protagonista na Volta a França.
Museeuw, sem hesitar, traça um cenário ambicioso para Van Aert no Tour: "Acho que ele vai ganhar duas etapas na Volta a França, porque finalmente está a pensar em si próprio. É demasiado um ciclista de equipa. O que ele fez no Giro foi fantástico, mas se virmos o Campeonato do Mundo de 2023 em Glasgow... Van der Poel fez algumas ultrapassagens na Volta a França, mas no Campeonato do Mundo desapareceu na última volta".
Para o antigo campeão, Van Aert tem por vezes dificuldade em equilibrar ambição pessoal com espírito coletivo. "Nos Países Baixos, pode dizer-se que ele devia ser mais idiota, mas na Bélgica dizemos apenas que ele é demasiado ciclista de equipa. É por isso que ele é tão compreensivo com as pessoas, e isso também é bom. Mas, no final da carreira, há duas coisas que contam: primeiro o recorde e depois a carteira".
"E o último será ótimo para Wout. A primeira também, mas, na verdade, a Ronde e a Roubaix deveriam ser acrescentadas", acrescenta Museeuw, numa referência clara ao facto de Van Aert ainda não ter vencido os dois maiores Monumentos de empedrado, algo que muitos consideram obrigatório para um ciclista com o seu talento e historial.
Já Van der Poel, que este ano venceu Paris-Roubaix de forma dominadora, volta a ser alvo de elogios de Museeuw, que não esconde a admiração pelo neerlandês: "Van der Poel já ganhou as duas três vezes... Ele é o ciclista que vai bater o meu recorde. Não que me importe, porque tenho muita simpatia pelo Mathieu".