"Na verdade, não tínhamos alternativa senão aceitar a saída do Remco" - Patrão da Quick-Step refere que a lei belga facilitou a transferência do ano

Ciclismo
quarta-feira, 10 dezembro 2025 a 2:00
Remco Evenepoel
A Soudal - Quick-Step é uma das equipas que vive a maior transformação neste inverno, com Remco Evenepoel a sair e a fechar um capítulo de vários anos, enquanto a estrutura volta a centrar-se nas clássicas e nos sprints. Jurgen Fore, CEO da equipa, falou sobre a saída e o que ela significa para o projeto.
Foré assumiu o comando após a saída de Patrick Lefevere, há quase um ano, herdando um dossiê que se arrastava há várias temporadas. Além da INEOS Grenadiers, também a Red Bull - BORA - Hansgrohe apareceu com dinheiro e interesse para comprar o contrato do campeão olímpico, do mundo e da Europa de contrarrelógio.
“Estamos a falar de um processo que se desenrolou ao longo de vários anos… Entrei na equipa em janeiro de 2024, e este tema já estava em cima da mesa”, disse Foré em entrevista à Dernière Heure. “A incerteza tornou-se, por vezes, um peso; prefiro a clareza a uma interrogação que perdura demasiado tempo”.
E a novela Evenepoel já tinha impacto no último inverno, quando não estava definido o rumo no mercado de transferências, sabendo-se que o belga poderia sair a qualquer momento.
“No último inverno, esta dúvida não ajudou em certas decisões de recrutamento: valia a pena continuar a investir à volta do Remco se ele fosse sair poucos meses depois?” As chegadas de Valentin Paret-Peintre, Max Schachmann e Ethan Hayter como figuras-chave mostravam que o foco ainda estava nas corridas de média e alta montanha. Nada a ver com a aposta deste ano em especialistas como Jasper Stuyven, Dylan van Baarle e Alberto Dainese, talhados para outros terrenos.
Evenepoel terminou em segundo, atrás de Tadej Pogacar, na sua última corrida com a Soudal - Quick-Step, no Il Lombardia. @Sirotti
Evenepoel terminou em segundo, atrás de Tadej Pogacar, na sua última corrida com a Soudal - Quick-Step, a Il Lombardia. @Sirotti

A legislação belga facilitou a rutura contratual

“Nunca escondi a minha opinião de que um contrato é para ser respeitado. Não somos o futebol e ainda bem. Mas a legislação laboral belga não ajuda, porque coloca sempre os corredores belgas numa posição de força”, acrescenta Foré. Isto relaciona-se com a situação de Cian Uijtdebroeks, em que o belga já terminou contratos prematuramente por duas vezes.
Na Quick-Step, pouco havia a fazer, diz. “Na prática, não tínhamos escolha senão aceitar a saída do Remco. Se fosse de outra nacionalidade, estaríamos numa posição melhor”. Não sendo o caso, quando agosto chegou a equipa já tinha acordos firmes com vários corredores, trabalhados durante a primavera e o verão, numa altura em que a saída de Evenepoel já parecia evidente.
“Foi uma enorme realização trabalhar com uma superestrela como o Remco, mas um novo capítulo da equipa vai abrir-se na próxima época. Nestes últimos anos, vários elementos puderam amadurecer, com paciência, na sombra do Remco; agora estão prontos para florescer”.
É uma equipa com o já referido Dainese, Tim Merlier e Paul Magnier a liderar os sprints; Stuyven, van Baarle e Magnier como referências para as clássicas; e ainda um bloco de montanha sólido com nomes como Mikel Landa, Valentin Paret-Peintre, Ilan van Wilder e o recém-chegado Steff Cras. “A saída do Evenepoel marca uma nova abordagem e novas responsabilidades para estes corredores, mas estou convencido de que pode ser frutífera”.
“Acima de tudo, e volto a dizê-lo, estamos a reconectar-nos com a essência da equipa. A Volta a França continua a ser o evento mais importante do ano em termos de retorno publicitário para os nossos parceiros, e o meu objetivo principal no arranque de cada época é vencer lá. Isso foi determinante no nosso recrutamento”, concluiu.
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