"Não é só Pogacar" Gianetti sublinha que a união da Emirates foi fulcral para bater o recorde de vitórias em 2025

O dia 21 de setembro será recordado como um dia especial para a UAE Team Emirates - XRG. Enquanto muitos pensavam na despedida do verão, a equipa dos Emirados Árabes Unidos celebrou um feito sem precedentes no ciclismo: a 86ª vitória da época, um recorde de sempre que deixou para trás as 85 vitórias da Team Columbia-HTC em 2009.

O arquiteto desta proeza foi Brandon McNulty que, ao vencer a Volta ao Luxemburgo, não só fez história para a sua equipa, como também marcou o fim de um percurso de esforço partilhado por toda a formação.

Mauro Gianetti, fundador, diretor e CEO da UAE, não escondeu a sua emoção ao falar deste marco. Para ele, as 86 vitórias representam mais do que simples números; são o resultado de um trabalho de equipa que envolveu ciclistas, mecânicos, massagistas e treinadores.

"Era um número enorme, mas sabíamos que tínhamos as ferramentas para o conseguir. Cada vitória era mais um passo num caminho que todos queríamos percorrer juntos", confessou Gianetti numa entrevista ao bici.pro.

Ao contrário de outras equipas, como a Soudal Quick-Step ou a Team Visma | Lease a Bike, que têm nas suas fileiras alguns dos melhores sprinters do mundo, a Emirates mostrou que pode ter sucesso de uma forma diferente.

Com uma equipa diversificada que inclui trepadores como Tadej Pogacar, João Almeida e Isaac del Toro, bem como ciclistas versáteis como McNulty e Soler, a equipa alcançou vitórias em todos os tipos de terreno.

Gianetti reconhece que, embora o número de vitórias em Grandes Voltas tenha sido alcançado por elementos como Pogacar, o verdadeiro valor da época foi a capacidade da equipa para envolver todos. "Não se trata apenas de Pogacar. Vimos vitórias de ciclistas como Filippo Baroncini, que conseguiu a sua primeira vitória numa corrida por etapas, ou a vitória de Wellens no Tour", explicou.

Uma das chaves do sucesso da Emirates é a sua filosofia de equipa. Embora Pogacar, com 16 vitórias esta época, seja a estrela indiscutível, Gianetti sublinhou que a mentalidade coletiva desempenha um papel crucial. "Na nossa estrutura, todos os ciclistas sabem que, no final, podem ganhar. Sentem-se apoiados e isso dá-lhes confiança para darem o seu melhor", sublinhou o Diretor Geral.

Corredores como Covi ou Ivo Oliveira, que não hesitaram em arriscar, são o exemplo desta ambição coletiva. "O grupo é mais importante do que qualquer vitória individual. Os nossos ciclistas vão para as corridas com a mentalidade de que podem ganhar, mas sem a pressão de terem de ganhar", disse Gianetti.

Nem tudo tem sido fácil para a Emirates nesta temporada. Um dos momentos mais dolorosos foi a derrota de Del Toro na Volta a Itália, onde, numa questão de minutos, o sonho da maglia rosa desapareceu devido a uma falha tática no Colle delle Finestre. Gianetti não hesita em reconhecer a lição aprendida: "Foi um momento difícil, mas também uma experiência de aprendizagem. Pensámos que Yates ia ficar para trás, mas não ficou. Aprendemos a nunca subestimar nenhum rival".

Apesar de alguns falhas, que comprometeram a vitória em 2 grandes voltas, os Emirates demonstraram uma resiliência impressionante, analisando os seus erros e olhando sempre para o futuro. Gianetti está otimista em relação aos desafios que se avizinham: "Não podemos aspirar a 100 vitórias, mas podemos aspirar a continuar a somar para dificultar a vida àqueles que querem bater o nosso recorde".