Em menos de dois dias, a
Volta a Itália será o principal tema de conversa no mundo do ciclismo. No dia 1 de dezembro, será revelado o percurso completo de uma edição que será muito especial por muitas razões. Principalmente porque se espera que Jonas Vingegaard faça a sua estreia no Giro, onde é provável que enfrente Remco Evenepoel. Mas também por causa de uma despedida emotiva.
O Giro de 2026 será o primeiro a realizar-se desde que
Mauro Vegni decidiu afastar-se e deixar o cargo de diretor da Volta a Itália. A sua despedida definitiva terá lugar precisamente durante a apresentação da corrida da próxima época. Mas ele já falou sobre a sua reforma numa
extensa entrevista ao Cyclingnews.
"Penso que dei muito ao Giro e ao ciclismo, mas também recebi muito. Deixarei a RCS Sport e o ciclismo sem qualquer arrependimento do meu trabalho, sabendo que tentei sempre dar o meu melhor para o bem do ciclismo. Toda a gente viu o que eu fiz. Alguns dirão que fiz bem, outros dirão que não", começou por dizer.
"Mas eu sei o que fiz e não me interessa o que os outros pensam. Fui diretor do Giro e fi-lo com todo o meu coração. Dediquei a minha vida ao Giro e isso diz tudo", acrescentou.
Simon Yates venceu o último Giro com Mauro Vegni como diretor
"Fui diretor da Volta a Itália durante 14 anos, mas desempenhei um papel fundamental num total de 31 edições da corrida e de outras corridas italianas. Penso que fui quem trabalhou mais tempo para a RCS e quem dirigiu mais edições do Giro. Não gostaria de ser visto como alguém que está agarrado ao poder. Ficaria feliz se a minha equipa conseguisse fazer ainda melhor do que eu; é essa a minha grande esperança quando deixar o desporto.
Os problemas do ciclismo atual
Mauro Vegni também falou sobre um dos temas mais quentes do ciclismo atual: a segurança (ou a falta dela).
"Os ciclistas já não se respeitam uns aos outros, nem respeitam as corridas como antigamente. Hoje, o mundo é 'A tua morte, a minha vida', um mundo implacável, com os ciclistas a lutarem por cada posição e cada ponto UCI. Em tempos, havia um 'xerife' ou líder do pelotão, como Francesco Moser, Bernhard Hinault ou mesmo Vincenzo Nibali".
"Os ciclistas têm agora medo de se exporem e já nem sequer denunciam os buracos na estrada. A segurança é um problema grave, sobretudo com o aumento das velocidades. A velocidade média nas Grandes Voltas passou de cerca de 38 km/h para 44 km/h. Cabe aos ciclistas protegerem-se uns aos outros, não podem queixar-se e culpar os outros".