Neilson Powless conta quando mudou o foco das classificações gerais para as clássicas: "Foi aí que percebi que me sentia surpreendentemente confortável nos paralelos"

Ciclismo
quinta-feira, 24 abril 2025 a 3:30
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No início deste mês, Neilson Powless surpreendeu o mundo do ciclismo ao bater Wout van Aert ao sprint na Dwars door Vlaanderen. Numa prova tradicionalmente dominada pela elite das clássicas, o norte-americano da EF Education–EasyPost, de 28 anos, assinou uma das maiores vitórias da sua carreira - e talvez até da história recente do ciclismo norte-americano.
Para um ciclista cujo início de carreira apontava para um futuro como candidato à geral, o triunfo em Waregem marcou um ponto de viragem na afirmação de Powless como verdadeiro especialista em corridas de um dia.
"Quando me tornei profissional, pensei que o meu caminho seria a classificação geral, porque era bastante bom no contrarrelógio", explicou em entrevista à Velo. "Era um ciclista completo, leve, com alguma versatilidade. Por isso, para a maioria das equipas, fazia sentido apontar para a geral".
Apesar de as manchetes terem destacado a derrota de Van Aert, a realidade é que Powless venceu com mérito. Bater um dos nomes mais regulares das clássicas dos últimos anos não é algo que aconteça por acaso. E se o público agora começa a reconhecer o talento do norte-americano, as bases do seu sucesso foram lançadas há muito tempo - mais precisamente na Volta a França de 2022.
Nessa edição, Powless esteve em evidência em várias etapas. O ataque em Alpe d’Huez, embora não tenha resultado, mostrou a sua ambição. Mas foi na etapa 5, sobre os famosos pavês da Paris-Roubaix, que a sua visão do próprio potencial mudou.
"Foi aí que percebi que me sentia surpreendentemente confortável nos paralelos", recorda. "Antes achava que era preciso pesar 90 quilos para sobreviver lá. Mas percebi que o mais importante era o estilo de pedalada e a força geral".
Essa constatação redefiniu o seu foco. Longe de trepador ou puro contrarrelogista, Powless reinventou-se como classicoman - e com sucesso. Desde então, tem acumulado desempenhos sólidos em provas de um dia. Em 2023, foi quinto na Volta à Flandres, o melhor resultado de um ciclista norte-americano na prova desde George Hincapie em 2011.
Este ano, confirmou a sua consistência: venceu a Dwars door Vlaanderen, foi sétimo na Brabantse Pijl e 13.º na Amstel Gold Race, enfrentando campos recheados de estrelas. Agora, chega à Liège-Bastogne-Liège com ambição renovada.
"Se estiveres em forma, sentes-te bem em qualquer tipo de terreno - até nos paralelos", diz com naturalidade. "É essa confiança que me levou a apostar nas clássicas. E é aí que me sinto mais realizado".
A ideia de disputar classificações gerais em Grandes Voltas ficou para trás. Hoje, Neilson Powless é um nome a ter em conta nas batalhas mais duras e imprevisíveis do calendário. E, como demonstrou nas estradas flamengas, não está lá apenas para participar - está para vencer.
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