Neilson Powless conquistou esta quarta-feira a maior vitória da sua carreira ao bater, contra todas as expectativas, o trio da Team Visma | Lease a Bike na Dwars door Vlaanderen. O ciclista da EF Education–EasyPost beneficiou de uma decisão táctica questionável por parte da equipa neerlandesa, mas a forma como aproveitou a oportunidade e a frieza demonstrada no final não deixam margem para dúvidas: foi o seu dia perfeito.
“Não consigo acreditar. Senti-me bem durante a corrida, mas nunca pensei que tivesse hipóteses naquele grupo. Achei que estava a correr para o segundo lugar”, confessou Powless no final. “Quero agradecer à minha família, à minha equipa e a todos os que me apoiam. Tem sido uma primavera difícil, mas hoje sinto que voltei ao lugar onde pertenço.”
O norte-americano de 28 anos, que até agora tinha como melhor resultado da temporada um 6.º lugar na Volta ao Algarve, apareceu em grande forma na semana que antecede a Volta à Flandres, o seu primeiro grande objetivo da primavera. Soube responder ao ataque coletivo da Visma no Berg Ten Houte e aguentou a roda quando Wout van Aert, Matteo Jorgenson e Tiesj Benoot endureceram a corrida.
Na última hora da prova, Powless colaborou no grupo da frente e, nos quilómetros finais, limitou-se a seguir as rodas. A Visma, com clara vantagem numérica, optou por não atacar e confiou num sprint final com Van Aert - uma aposta que acabaria por se revelar fatal.
“Pensei que o Wout fosse o mais forte no sprint. Nunca, nem num milhão de anos, imaginei que pudesse vencê-lo ao sprint.”
Enquanto o belga sofria com cãibras, Powless manteve-se focado. “Entrei na última curva com mais velocidade, talvez 3 ou 4 km/h acima do Wout. Não havia muito espaço até à meta, por isso lancei o sprint imediatamente e rezei.”
Apesar da polémica em torno da táctica da Visma, o mérito de Powless é inegável. Mostrou instinto, inteligência e pernas no momento certo. “Sabia que ainda haviam ciclistas a tentar voltar lá atrás. Senti-me bem, especialmente nos sectores empedrados, e não tive de me desgastar demasiado para me manter no grupo. Se sentissem fraqueza da minha parte, teriam atacado. Fui uma pedra no sapato, e estou orgulhoso da forma como pedalei.”
A vitória, que chocou o mundo do ciclismo pela forma como foi construída, dá-lhe novo impulso rumo à Volta à Flandres, onde agora se apresenta como um outsider credível. “Esta é a maior vitória da minha vida. Espero poder lutar pela vitória ou, pelo menos, por um lugar no pódio. Neste tipo de corridas, é preciso um pouco de sorte, mas sobretudo confiança. E hoje ganhei, sem dúvida, um pouco disso.”
What a final kilometer of #DDV25! 🤯 #FLCS pic.twitter.com/irSbHvoUvu
— Dwars door Vlaanderen (@DwarsdrVlaander) April 2, 2025