A Team Visma | Lease a Bike voltou a mostrar força coletiva na Dwars door Vlaanderen, mas uma decisão táctica discutível no final da corrida custou-lhes a vitória. Depois de criar um cenário ideal, com Wout van Aert, Matteo Jorgenson e Tiesj Benoot na frente, a equipa neerlandesa optou por levar o grupo para o sprint em vez de explorar a sua vantagem numérica - e acabou surpreendida por Neilson Powless, da EF Education-EasyPost.
O momento chave aconteceu na subida ao Berg Ten Houte, onde a Visma atacou em bloco, deixando para trás a concorrência, incluindo um dos homens mais fortes da primavera, Mads Pedersen, que estava mal posicionado. A movimentação parecia perfeita: a equipa amarela colocou três homens num grupo de quatro, com apenas Powless a resistir entre os adversários. Nos quilómetros seguintes, isolaram-se na frente e trabalharam juntos até aos derradeiros metros.
Contudo, em vez de lançarem ataques alternados ou desgastarem o adversário, a decisão da direção desportiva - tomada a partir do carro - foi apostar todas as fichas num sprint com Wout Van Aert, num final plano e com vento contrário. O plano saiu furado. Powless surpreendeu com uma arrancada poderosa e venceu com autoridade, deixando para trás os três elementos da Visma.
“Fizemos uma corrida brilhante até aos últimos 10 quilómetros”, admitiu Matteo Jorgenson após a chegada. “Decidimos apostar no Wout e foi claramente a decisão errada. Temos de ser honestos. Subestimámos o Neilson, e ele fez um sprint fantástico.”
Van Aert, visivelmente em quebra nos metros finais, não conseguiu responder ao ataque do norte-americano, que assinou a maior vitória da sua carreira. O belga, que até então parecia em crescendo nesta primavera, volta a sair derrotado de uma situação tacticamente favorável e isso poderá deixar marcas a poucos dias da Volta à Flandres.
“Conheço bem o Neilson e sei que é explosivo e rápido. No carro decidiram levar a corrida ao sprint em vez de lançarmos ataques. Estávamos receosos com o vento e com o grupo perseguidor, por isso usamos o Tiesj e eu para lançarmos o Wout. Mas, com o desenrolar da corrida, percebemos que foi a opção errada”, reconheceu Jorgenson.
A derrota deixou sentimentos mistos na formação neerlandesa. Por um lado, a exibição coletiva relembrou o domínio das temporadas de 2022 e 2023. Por outro, a má leitura final custou uma vitória que parecia estar ao alcance da equipa.
“Melhorámos um pouco a cada corrida desde o "fim de semana de abertura”, brincou Jorgenson, numa tentativa de aliviar a frustração do momento. Mas a imagem de três ciclistas da Visma batidos na linha de meta por um único adversário ficará certamente gravada na memória - e talvez no subconsciente - quando enfrentarem os paralelos da Volta à Flandres no próximo domingo.
What a final kilometer of #DDV25! 🤯 #FLCS pic.twitter.com/irSbHvoUvu
— Dwars door Vlaanderen (@DwarsdrVlaander) April 2, 2025