O ciclismo é um desporto onde as estrelas podem emergir por várias razões. A quantidade de trabalho, sacrifício e tática necessária para ser profissional e para competir torna fácil ver ídolos a sair de praticamente qualquer corrida. O comentador da Sporza José de Cauwer deixou uma observação específica sobre
Thymen Arensman, muito atento à mentalidade e capacidades do neerlandês após o que fez na
Volta a França deste ano.
“Gosto do Pogacar, gosto do Mathieu van der Poel — sem dúvida. Mas aprecio sobretudo os ciclistas que fazem acontecer. Alguém como o Arensman”, disse o comentador belga no podcast De Grote Plaat. “Não digo isto por estar agora nos Países Baixos, nada disso, mas simplesmente porque ele agarra as oportunidades.”
Arensman é um tipo de corredor pouco comum no pelotão atual: tem todos os meios para ser um grande voltista, mas falta-lhe consistência para alcançar resultados de topo nas Grandes Voltas. Raramente mostra o melhor nível, mas quando o faz, vence em grande. Na Volta ao Tirol do Sul e Trentino (Tour of the Alps) triunfou com uma majestosa vitória a solo na montanha que quase lhe deu a geral, depois na Volta a Itália passou praticamente despercebido à ação… E na Volta a França saiu logo da luta pela geral, mas atingiu a sua melhor forma absoluta na segunda metade da corrida.
“Há anos que ele faz uma má primeira semana”, assinala de Cauwer. “Porquê? Só Deus sabe. No final, volta a andar bem. Como é que isso acontece? Adorava ser o seu treinador. Gostava de resolver isso. Não sei como, mas quero dizer: queria estar lá. O que se passa na cabeça daquele rapaz? Qual é a razão?”
Thymen Arensman surpreendeu ao vencer a etapa 19 na Volta a França deste ano
Volta histórica para o neerlandês
“Vai à Volta com uma preparação diferente, com expectativas diferentes. E, pumba, acerta à primeira. E depois até começa a atrever-se a tentar coisas.” Arensman venceu a etapa 14 em Superbagnères a partir de uma fuga, resistindo a Tadej Pogacar e Jonas Vingegaard, que travavam a sua batalha pela geral atrás. Mas o grande feito chegou uma semana depois em
La Plagne, a última etapa de montanha da corrida, onde voltou a bater os dois, desta vez frente a frente.
“Roda na frente com Vingegaard e Pogacar e depois arranca deles. Com aquele pensamento: desenrasquem-se, não quero saber. Ele faz acontecer. Isso mexe mesmo comigo”, explica de Cauwer. A sua capacidade em alta montanha ficou demonstrada da melhor forma e o corredor da INEOS Grenadiers selou uma vitória espetacular, diretamente à frente do duo que sprintou atrás.