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UAE Team Emirates - XRG continua a dominar a Volta a Espanha 2025, com cinco vitórias em doze etapas, duas delas conquistadas por
Juan Ayuso. Mas o sucesso desportivo da equipa tem sido constantemente ensombrado pelo drama interno em torno da iminente saída do jovem espanhol e pelas tensões públicas entre ciclista e direção.
No seu podcast Live Slow, Ride Fast,
Laurens ten Dam abordou o caso, sublinhando que a situação da UAE deve ser interpretada à luz de uma regra fundamental no desporto de elite: nenhuma individualidade pode sobrepor-se ao coletivo.
"Ninguém deve ser maior do que a equipa", afirmou o ex-ciclista e atual selecionador neerlandês. "Há aquele livro sobre os All Blacks de James Kerr: Legacy. É sobre isso, se alguém se tornar mais importante do que a equipa, o grupo está condenado a ter problemas. E acho que é isso que está a acontecer agora na Emirates".
"Pogačar tornou-se maior do que a Emirates"
Ten Dam destacou que a dinâmica do plantel está hoje completamente condicionada pelo peso de
Tadej Pogacar, cuja influência se estende muito além da estrada.
Com Pogacar em prova, não haveria a liberdade para os gregários da UAE na Vuelta irem para as fugas ganhar etapas
"Aparentemente, ele pode dizer nos treinos de altitude que o Del Toro é o líder e ninguém o contradiz. Ou rir-se com os colegas quando o Ayuso pedala cinquenta metros à frente do grupo, porque querem atingir a potência nos treinos. Todos pensam: vou apoiar o Pogi, porque se não o fizer, já não estarei a correr".
Na sua análise, o problema é estrutural: "Nenhum diretor desportivo vai dizer ao Pogacar: ‘Tadej, não foi simpático escrever no Instagram que o Del Toro era o líder’. Pogi está a tornar-se maior do que a própria equipa, e isso é uma receita para o desastre".
O paralelismo com a Jumbo-Visma em 2023
O neerlandês estabeleceu ainda uma comparação com os conflitos que marcaram a Vuelta 2023 dentro da Jumbo-Visma.
"O Roglic tinha ajudado a construir a equipa, era a força motriz do sucesso da Visma, mas o Kuss ficou com a vermelha e o acordo passou a ser correr para ele. Foi uma situação difícil de gerir e expôs os limites do equilíbrio interno".