Sylvan Adams, proprietário da
Israel - Premier Tech, esteve presente na
Volta a Espanha no dia mais conturbado da edição de 2025, quando a 11ª etapa foi neutralizada em Bilbao devido aos protestos. O dirigente não poupou críticas, tanto aos manifestantes como ao ambiente vivido no País Basco, classificando os acontecimentos como "terrorismo" e garantindo que a sua equipa continuará a correr com a identidade israelita.
Em entrevista à Sports5 de Israel, Adams começou por contextualizar o que presenciou: "Tivemos dois dias difíceis no País Basco. A região é conhecida como um reduto de ativistas de extrema-esquerda e separatistas que gostam de protestar. Não ficámos surpreendidos com esta reação indelicada, mas nunca tinha visto nada assim numa corrida de ciclismo. Um número enorme e desproporcionado de bandeiras e cartazes a favor da Palestina e contra o Estado de Israel, e uma quantidade enorme de ódio".
Segundo Adams, a tensão atingiu níveis inéditos. O dirigente fez questão de acompanhar a etapa de dentro do carro da equipa, pronto para agir se a segurança dos seus ciclistas estivesse em risco: "Pela primeira vez, decidi sentar-me no carro de apoio para ver o que estava a acontecer e, num caso extremo, tomar uma decisão. Era importante para mim estar presente para os ciclistas, alguns dos quais se sentiram ameaçados. Deitaram tinta no nosso carro e, no final da etapa, todos vimos os desordeiros a empurrar as barreiras de proteção e a tentar entrar no percurso. A decisão de neutralizar foi a mais correta, porque não era seguro para os ciclistas. Na minha opinião, a polícia fez o que podia".
Adams fala em "terroristas"
O canadiano-israelita subiu o tom e classificou os grupos que visaram a equipa como violentos: "Chamo a este grupo violento de terroristas porque são pessoas violentas. No final, destruíram as bicicletas de todos os adeptos. Os bascos têm os melhores adeptos do mundo e é uma pena que tenha acabado desta forma".
"Fake News": o nome Israel vai permanecer
Nos últimos dias circularam rumores sobre uma eventual mudança de designação da equipa para 2026, removendo o nome Israel. Adams rejeitou de imediato essa hipótese: "Fake News, nunca correremos sem o nome Israel".
O dirigente confirmou que recebeu pedidos da própria organização da corrida para retirar a equipa da prova, mas recusou: "O CEO da ASO, Yeann Le Mounneur, também pediu para retirar a equipa da corrida, mas eu disse que não o faria. Se desistirmos, não é apenas o fim da nossa equipa, mas também de todas as outras equipas. Amanhã vão manifestar-se contra as equipas do Bahrein, dos Emirados Árabes Unidos e da Astana. Os boicotes não vão ter fim. Eu disse-lhes que estavam errados e que tínhamos o direito de ficar".
Apoio da UCI e o futuro da equipa
Adams fez ainda questão de sublinhar que conta com o apoio da entidade máxima do ciclismo: "Recebi também um grande apoio do presidente da União Ciclista Internacional (UCI), David Lappartient. No fim de contas, somos uma equipa desportiva e queremos competir e ganhar. Queremos continuar a desenvolver os jovens ciclistas que treinamos na Academia de Ciclismo de Israel, e é isso que vamos continuar a fazer".
Com o futuro da Vuelta a ser diariamente colocado em xeque pela instabilidade fora da estrada, Adams mostra-se intransigente: a Israel - Premier Tech não vai recuar, nem no pelotão, nem na sua identidade.