A Red Bull - BORA - Hansgrohe revelou o seu alinhamento para a Volta a França de 2025, apostando numa formação equilibrada, mas com apenas três trepadores, incluindo
Primoz Roglic, o líder que parte com ambições elevadas, embora sob o radar mediático. A equipa alemã quer lutar pelo pódio final e confia plenamente na recuperação física e mental do esloveno, após o abandono na Volta a Itália.
"Acreditamos nele e pensamos que é realista que ele possa recuperar, porque é assim: quando algo corre mal, ele volta melhor, é a sua natureza. É o seu comportamento normal e esperamos que isso aconteça no Tour", afirmou
Rolf Aldag ao Cyclingnews. "Mas não se trata apenas de esperança. É também olhar para os dados, olhar para os números – ele vai estar pronto. Por isso, não vemos absolutamente nenhuma razão para não estarmos optimistas em relação à
Volta a França com ele".
O discurso de Aldag deixa clara a confiança da equipa no seu líder, embora com uma abordagem pragmática. "Temos de jogar de forma inteligente e, tal como todos os outros, temos de evitar quedas com todos os nossos ciclistas. Como é que fazemos isso? Mantendo-nos juntos como uma equipa. Trabalhar em equipa. Estar preparados, conhecer o percurso e, mesmo assim, ainda podem acontecer coisas, mas acredito que não podemos estar mais bem preparados do que estamos este ano".
Florian Lipowitz será o co-líder da formação, enquanto Aleksandr Vlasov assumirá, previsivelmente, o papel de gregário de luxo. A restante estrutura da equipa será distribuída entre o apoio a Jordi Meeus nas chegadas ao sprint e a proteção aos escaladores nas etapas mais perigosas da primeira metade da prova.
O foco é claro: enfrentar três semanas de competição em que Tadej Pogacar será o adversário a bater. "Não estamos à espera que aconteça nada de mal, mas lembramo-nos de quando Tadej ficou completamente sem energia e houve uma cena em que o ouvimos ao microfone completamente acabado, a perder minutos e minutos".
Roglic tenta fazer as pazes com o Tour, que já não conclui desde 2020. De lá para cá, 3 abandonos.
Segundo Aldag, a chave está na natureza humana do desporto. "O que nos dá uma perspetiva realista é o facto de lidarmos com seres humanos e não com robôs. Se disséssemos que Primoz, Tadej, Jonas e Remco são máquinas, bem, seria bastante previsível e saberíamos o resultado... Mas não são, por isso, lidar com humanos deixa sempre uma hipótese de erros e de desempenhos excepcionais também".
Roglic regressa à competição após um Giro frustrante, onde uma sucessão de quedas acabou por o afastar da prova na última semana. Apesar disso, a preparação para o Tour não foi comprometida. "O tempo em altitude é algo de que ele gosta muito, e penso que a concentração e a condição estão lá. Mas, claro, primeiro temos de ultrapassar todas as desilusões da nossa carreira e depois podemos seguir em frente na vida, ele é muito bom nisso. Penso que estamos todos muito confiantes de que ele está na forma necessária para o Tour, mental e fisicamente".
Para Aldag, o Roglic de 2025 é um homem mais centrado. "Ele já não é o jovem de 22 anos que vive a vida de uma estrela de rock; é uma pessoa de família. Penso que isso também é importante, e não dividir ou interromper todo o sistema e fazê-lo dizer: ‘Bem, o que é que eu faço agora? Vou estar com os meus colegas de equipa? Passo algum tempo com a minha família?’"
O ano passado, Roglic estava na luta pelo pódio até nova queda interromper a sua campanha. "Ele ainda está entre os favoritos e penso que é assim que a corrida se vai desenrolar. Para ele também, ver o que ele, Remco, Jonas e Tadej conseguem fazer, ver como lutam entre si, vai ser o que eu vejo como uma grande luta".
Apesar do favoritismo atribuído a Pogacar, Aldag acredita que tudo pode mudar durante as três semanas. "Vimos Tadej Pogacar e o que ele fez até agora nesta temporada, é bastante impressionante, e sabemos quem é o claro favorito, não temos realmente que discutir isso. Penso que vamos de acordo com isso, mas há sempre oportunidades e hipóteses. E porque é que as pessoas subestimam o Primoz? Penso que dentro do grupo, de certeza que não o farão. Será que o deixariam entrar numa fuga precoce e lhe dariam cinco minutos?"
A explosividade de Roglic continua a ser uma arma valiosa, acredita o diretor desportivo da BORA. "Fica-se ali, segue-se ali. Não se esqueçam que o Primoz tem um kick final, que o Jonas e o Tadej também têm, mas não estou a ver que vamos puxar na penúltima subida, tentando torná-la super difícil e depois manter a velocidade. Penso que há duas equipas que são capazes de fazer isso, que estão dispostas a fazê-lo".