Annemiek Van Vleuten será uma notável ausente do World Tour feminina em 2024. A lendária holandesa pôs fim à sua carreira histórica e a reforma atingiu-a duramente.
"Desde esta semana que me apercebi: Já não sou uma das melhores atletas. Elas agora seguem em frente. Sem mim. E isso não me agrada muito", reflecte a antiga ciclista da
Movistar Team numa entrevista sincera ao NRC. "Por vezes, perguntei-me se sentiria falta de toda aquela atenção. Esta época concordei comigo mesma que iria gostar ainda mais das sessões fotográficas e das aparições nos meios de comunicação social. Mas logo pensei: Acho que não estou a gostar disto. A atenção nunca foi uma força motriz".
Em vez de estar no centro das atenções dos meios de comunicação social, Van Vleuten vai sentir falta da sensação de competição e da oportunidade de ser um modelo para as jovens. "Do que vou sentir falta é do facto de já não ter um palco para inspirar as pessoas. Tal como mostrei no Campeonato do Mundo, é possível partir o cotovelo na quarta-feira e ser campeã do mundo no sábado", explica.
"Pensar em possibilidades. Isso foi-se, e vou sentir falta de não poder continuar a ser essa mulher principal", continua, antes de voltar a referir as partes de que não vai sentir falta. "Queremos ser bons e isso causa stress. Todos os atletas têm dúvidas: será que fiz o suficiente? Será que o meu peso está em ordem, será que não engordei acidentalmente? E depois há o stress do próprio jogo. Achei que isso era o pior".
"Piorou para mim ao longo dos anos", conclui Van Vleuten. "É por isso que esta é também uma boa altura para parar. Reparei que a minha apetência pelo risco diminuiu. Lutar sempre por um lugar no pelotão tornou-se cada vez mais desagradável para mim. O ciclismo é um desporto em que é preciso estar na frente no momento certo. Para se posicionar bem numa estrada estreita, numa subida, é preciso correr riscos. Riscos que quem não anda de bicicleta não pode imaginar. Tenho tido medo, sobretudo no último ano".