A pergunta permanece tão incómoda quanto eterna: alguma vez o ciclismo estará completamente livre de
doping? A resposta mais realista continua a ser negativa. No entanto, tudo indica que os tempos de doping sistemático ficaram para trás. Hoje, quem ultrapassa os limites fá-lo por razões individuais, desde a pressão para vencer até à insegurança pessoal, passando por influências erradas ou até por ingenuidade. Seja qual for o motivo, o recurso a métodos ilegais é rigorosamente monitorizado pelas autoridades antidoping, com graves penalizações, nalguns casos de caráter vitalício.
Entre os nomes que permanecem para sempre banidos da modalidade surgem os de Lance Armstrong, antigo vencedor por sete vezes da Volta a França, e Johan Bruyneel, diretor desportivo da U.S. Postal. Ambos tiveram sanções exemplares pelo envolvimento num esquema de doping sistemático no final dos anos 1990 e início dos anos 2000.
O final da década de 2000 marcou também um ponto de viragem, com a afirmação de uma nova cultura mais limpa dentro do pelotão profissional. Desde então, os casos registados têm sido maioritariamente isolados.
Ainda assim, situações como a de Oier Lazkano lembram que a vigilância não pode abrandar. O contrato do espanhol com a Red Bull - BORA - hansgrohe foi rescindido após a UCI detectar irregularidades no seu passaporte biológico. O ciclista, de 26 anos, encontra-se suspenso provisoriamente enquanto decorre o processo.
“Acho que o pelotão profissional, independentemente deste caso, está mais limpo do que nunca. Mas é por isso, naturalmente, que é aborrecido. E mostra, pela própria natureza das coisas, que continuam a acontecer situações das quais o ciclismo dificilmente se libertará por completo”,
comentou Anders Lund, analista da Eurosport, no podcast Radio Tour. “Mantenho a impressão de que a modalidade está num lugar melhor. Num lugar como nunca esteve.”