“Oito minutos a 450 watts na subida?” Jonas Vingegaard defendido por companheiro de equipa dinamarquês

Ciclismo
quinta-feira, 27 novembro 2025 a 22:46
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O abandono de Jonas Vingegaard no Campeonato da Europa de 2025 gerou debates, mas dentro da própria seleção da Dinamarca surgiu quem pedisse contenção nas reações. Rasmus Pedersen, companheiro de equipa na seleção nacional, escolheu trazer contexto.
Em conversa com o Domestique Hotseat Podcast, o ciclista descreveu uma corrida extrema, marcada por uma subida inicial implacável e um dia em que até os maiores nomes do pelotão foram confrontados com os seus limites. “Todos os corredores… até o melhor que vi hoje, têm dias maus”
Pedersen não tentou suavizar o que aconteceu a Vingegaard em território francês. O líder dinamarquês ficou para trás surpreendentemente cedo, um momento que chocou quem assistia mas que, segundo quem ia na frente, fazia sentido pela brutalidade do ritmo. Ao recordar o episódio, Pedersen afirmou: “Todos os corredores, até o melhor que vi hoje, têm dias maus, têm más pernas e têm dias em que simplesmente não estão lá.”
Realçou ainda que Vingegaard se preparou de forma exemplar e alinhou com ambição de lutar pelos lugares cimeiros, o que tornou o desfecho ainda mais impactante. Tal como explicou: “Fez tudo, tomou um gel de cafeína mesmo antes da segunda volta… ficou para trás 15 km depois, por isso ele acreditava a 100% e fez tudo o que tinha de fazer para estar ao nível de seguir o Tadej e o Remco.”
Ficou claro que não se tratou de desinteresse ou falta de empenho, apenas um dia em que as pernas falharam a um dos melhores voltistas da sua geração.

Uma estreia ao lado de Vingegaard que se tornou um exercício de sobrevivência

Para Pedersen, o Campeonato da Europa estava destinado a ser um momento marcante: a primeira corrida verdadeiramente competitiva com Vingegaard com as cores nacionais. Admitiu no podcast que a expectativa era legítima: “Estava apenas entusiasmado por estar lá, especialmente com aqueles tipos que são uns pesos pesados, como o Skjelmose e o Jonas.”
Duas semanas antes do evento, o selecionador dinamarquês, Michael Mørkøv, fez as suas escolhas. Pedersen recordou aquilo que sempre prometera: “Sempre fui o tipo a quem podem ligar e dizer, estou sempre pronto para vestir as cores nacionais e ajudar se precisarem.”
A missão era simples, controlar a fuga inicial e preparar terreno para os líderes. Mas o guião foi rasgado logo na primeira ascensão.

Um início que desfez o pelotão

O relato de Pedersen sobre os primeiros quilómetros explica porque é que tantos nomes de topo cederam. A corrida não começou, rebentou. “Começámos na subida, 4 km até ao topo. Os primeiros oito minutos foram a 450 watts. Não sou trepador, portanto foi puxado.”
Este inicio muito rápido não criou apenas cortes, gerou pânico. O pelotão fragmentou-se, tentou reagrupar, voltou a partir, até restar apenas um núcleo reduzido de ciclistas. Mesmo cumprindo o papel tático que lhe fora atribuído, Pedersen sentiu a prova escapar-lhe muito antes das últimas subidas.
"Acabou por ficar fora de controlo, um entre muitos num dia em que apenas 17 ciclistas concluíram a prova. Como disse, se estiveres atrasado de 10 minutos, és encostado. Mas sim, claro que há uma pressão natural que vem de correr nessa seleção com esses tipos.”

Rasmus Pedersen em acção

Um lembrete de que até os campeões são humanos

Apesar do abandono de Vingegaard ter dominado as conversas, as declarações de Pedersen ajudam a enquadrar o episódio: uma corrida caótica, percurso implacável e um pelotão levado para lá da zona de conforto desde o quilómetro zero.
Não procurou justificar o colega, relatou factos. A mensagem foi simples: os melhores também falham. Às vezes não há mistério. As pernas decidem. E naquele dia, até as de Vingegaard cederam.
A honestidade de Pedersen deixou outra reflexão: correr ao lado de ciclistas como Vingegaard não é apenas um privilégio, é uma pressão constante. E ele sentiu-a por completo.
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