Depois de um contrarrelógio explosivo de 13 minutos pelas ruas planas de Valladolid,
Filippo Ganna só teve de cumprir a última parte do ritual: esperar. Sentado durante mais de três horas na cadeira do líder, o italiano da
INEOS Grenadiers viu rivais de peso tentarem bater a sua marca de 13:00 minutos no percurso encurtado de 12,2 km, mas nenhum conseguiu superar a média impressionante de 56,2 km/h que o bicampeão mundial imprimiu no asfalto.
“Acho que sofri mais durante as últimas três horas na cadeira do que na bicicleta”, brincou Ganna após ver garantida a vitória no dia. “Não consegui encontrar o ritmo certo na primeira parte e na parte final, só pedalei, sem pensar em números nem nada.”
A vitória, a terceira da INEOS nesta Vuelta, teve um sabor especial para o italiano. Foi o regresso triunfal depois da queda violenta na Volta a França de julho, que o obrigara a abandonar e condicionara o resto da temporada.
“Depois da minha grande queda na Volta a França, não tem sido fácil voltar a andar de bicicleta. Sempre que estive na bicicleta, tentei dar o meu melhor para melhorar dia após dia, para melhorar a minha condição”, explicou.
As primeiras duas semanas da corrida não foram fáceis para Ganna, castigado pelas jornadas de montanha que pouco favorecem um ciclista com o seu porte. Mas quando o percurso voltou a sorrir-lhe, respondeu de forma implacável, deixando todos os adversários para trás.
Homens como Ivo Oliveira, Stefan Küng e Jay Vine aproximaram-se do tempo dele, este último a menos de um segundo, mas nenhum conseguiu desalojar o italiano. “Ganhei hoje depois de sofrer durante as duas primeiras semanas da Vuelta. São muitas subidas nas pernas. Não foi fácil. Estou muito feliz e agora vou ver o que acontece nos últimos dias”, disse Ganna.
Enquanto atrás dele a luta pela geral aquecia, com João Almeida a recuperar dez segundos a Jonas Vingegaard, reduzindo para 40 a diferença que separa os dois, o dia pertenceu ao italiano. Uma vitória que não só reafirma a força bruta que tem definido a sua carreira, como também serve de lembrança de que, mesmo depois das quedas, Ganna continua a ser um dos homens mais dominadores do mundo no exercício individual.
“Mas isto ainda não acabou. Temos mais alguns dias para tentar lutar pelo melhor.”