Apesar de todo o seu sucesso nas Grandes Voltas,
Jonas Vingegaard nunca vestiu a camisola da seleção nacional da Dinamarca. Não participou em Campeonatos do Mundo, nem nos
Jogos Olímpicos, nem sequer no
Campeonato da Europa. Essa situação poderá finalmente mudar em setembro deste ano.
O selecionador nacional,
Michael Morkov, confirmou que Vingegaard continua firmemente na corrida para integrar a seleção no
Campeonato do Mundo do Ruanda e, talvez mais importante, sublinhou que tanto o ciclista como a equipa técnica encaram a edição de 2025 como um verdadeiro objetivo, e não como uma mera presença simbólica.
"O plano tem estado sempre de pé",
afirmou Morkov ao Feltet.dk esta semana. "Quando falei com o Jonas durante o inverno, ele deixou claro que estava motivado para os Mundiais. Ele está numa fase da sua carreira em que os seus olhos estão postos nos grandes campeonatos".
Trata-se de uma mudança significativa no foco do dinamarquês, que já foi criticado por alguns setores por dar prioridade quase exclusiva às provas por etapas. No entanto, com dois títulos na
Volta a França e a possibilidade de somar uma vitória na
Volta a Espanha esta temporada, o líder da Team Visma | Lease a Bike parece disposto a ampliar o seu palmarés e a mostrar a sua qualidade noutras frentes.
O Mundial do Ruanda 2025 não será uma corrida qualquer. O percurso, com 267 quilómetros, apresenta um traçado exigente, pontuado por subidas curtas e íngremes, acumulando mais de 5000 metros de desnível positivo, e disputado em altitude, entre os 1400 e os 1765 metros acima do nível do mar. Para Morkov, estas características encaixam na perfeição nas qualidades físicas e mentais de Vingegaard: "O percurso adequa-se mesmo a ele", disse. "Um dos principais fatores é a altitude, algo que o Jonas já provou que suporta extremamente bem, graças à sua composição corporal. Se juntarmos a quantidade de subidas, temos uma corrida muito dura. Penso que é o percurso ideal para ele".
Algumas dúvidas surgem pela proximidade entre o final da Volta a Espanha e o Mundial, com apenas duas semanas de intervalo. Essa agenda apertada reduz a possibilidade de realizar um estágio específico em altitude, mas o selecionador não está preocupado: "Se estás a correr a Vuelta, não há tempo para treinar em altitude antes, mas continuo a pensar que é uma boa preparação", explicou. "Ciclistas como o Jonas já estão bem adaptados ao trabalho em altitude. Não deve ser um problema".
Mads Pedersen tem sido o líder tradicional da equipa dinamarquesa nos últimos anos
Embora Morkov não tenha revelado a composição final da equipa dinamarquesa nem os detalhes das conversas com Vingegaard após o Tour, deu a entender que este ano o processo de escolha será mais direto e adaptado ao perfil do percurso: "Os melhores trepadores, aqueles que conseguem aguentar o percurso, são os que serão selecionados", afirmou. "Tenho uma lista longa e forte de ciclistas que estão motivados para ir ao Campeonato do Mundo. Mas esta não é para os sprinters nem para os contrarrelogistas. É uma corrida de trepadores".
Para Vingegaard, competir no Ruanda poderá ser um marco importante, não apenas a estreia com a camisola vermelha e branca, mas também a oportunidade de provar que a sua excelência vai para além das montanhas de julho e se estende ao desgaste e imprevisibilidade de um dia único no final da temporada.