Poderia Froome no seu auge igualar-se a Pogacar e Evenepoel? "Eu acho que ele conseguiria", diz antigo companheiro de equipa.

Comparar diferentes períodos de tempo no ciclismo profissional é sempre uma conversa complicada, porque as potências de há 10 anos, por exemplo, não se comparam com o ritmo a que o pelotão corre atualmente. No entanto, se forem ajustados, algumas rivalidades interessantes que nunca ocorreram teriam sido empolgantes de assistir. Wout Poels, por exemplo, defende que no seu melhor, Chris Froome teria sido capaz de disputar Grandes Voltas com as estrelas modernas como Tadej Pogacar.

O antigo corredor da Team Sky teve muitas coisas boas a dizer sobre a equipa britânica. “Foi fantástico. Eu estive com essa equipa durante cinco anos, e adorei. Correu tão bem, tivemos grandes líderes com G (Geraint Thomas), Froomie, e [Egan] Bernal. Corri em sete Grandes Voltas, e em seis delas estive na equipa vencedora", enalteceu Poels no podcast Domestique.

O neerlandês correu pela equipa de 2015 a 2019 e porque ajudou a equipa a vencer praticamente todas as Grandes Voltas que correu neste período de tempo, tornou-se num dos queridos do pelotão. Mesmo com este papel, terminou em sexto na Vuelta de 2017, confirmando que ele próprio era um corredor capaz de competir pelos seus próprios resultados nas competições de três semanas. "Foi ótimo fazer parte disso. Eles estavam sempre à frente do resto; sabiam o que estavam a fazer. Tínhamos os corredores certos na hora certa, com o suporte certo à volta deles".

O veterano ciclista, que fará amanhã 38 anos, acredita que a equipa britânica liderou a busca por cada pequeno detalhe, um hábito que foi adotado pela maioria das equipas profissionais nos últimos anos. "Agora todas as equipas o fazem. Mas, naquela época, estávamos à frente de todos os outros. Fizemos um ótimo trabalho a ganhar todas essas Voltas e outras Grandes Voltas. Adorei fazer parte disso. Nunca senti que tinha de o fazer, mas tive a escolha de usar as ferramentas. Se te saíres bem, vale a pena".

A equipa também tinha uma clara vantagem na altura, quando se tratava de assinar com jovens corredores, algo que perderam nos últimos anos para formações como a Visma e a UAE. "Tinham um plano claro para ganhar a Volta a França. Isso significa que têm que observar bem, como com o Bradley Wiggins: é possível ganhar a Volta a França com ele? É claro, também precisam de construir suporte à volta dele".

Poels, no entanto, apesar da sua qualidade, nunca foi planeado ser o líder na INEOS. No entanto, venceu um monumento, Liege-Bastogne-Liege de 2016, e conquistou 13 vitórias profissionais ao longo dos cinco anos que passou na equipa - várias delas ao nível do World Tour.

"Esse não era realmente o plano. Froome era tão bom e dominante naquela época que nunca pensei 'talvez eu possa vence-lo'. Se tivesse pensado nisso, teria tentado. Mas não teria funcionado".

Como Froome se teria saído se competisse no pelotão de hoje com a preparação que o atual pelotão tem? Poels acredita que seria, na verdade, um duelo escaldante com os líderes atuais, como Pogacar, Jonas Vingegaard ou Remco Evenepoel. "É sempre difícil comparar corredores de diferentes eras. Mas eu acho que ele poderia ter conseguido. Ele ganhou sete Grandes Voltas no final".

O neerlandês também lamenta não ter corrido em outras disciplinas mais cedo na sua carreira, talvez devido ao sucesso e aparente benefício que tem dado a corredores como o seu compatriota Mathieu van der Poel. "Se eu pudesse, teria sido divertido fazer todas essas disciplinas. No entanto, também exige uma grande força mental para manter a melhor forma durante todo o ano. Às vezes é preciso fazer uma pausa, mas tenho um enorme respeito por tipos como Tom Pidcock, que ganha ouro no btt, tem bom desempenho nas Ardenas, e depois termina em terceiro na Vuelta".