Pogacar com certezas, Evenepoel e Vingegaard cheios de dúvidas, o que nos disse o Dauphiné sobre os candidatos ao Tour?

Ciclismo
segunda-feira, 16 junho 2025 a 11:18
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Terminou o Critérium du Dauphiné 2025 e, a 19 dias do arranque da Volta a França, os grandes protagonistas já colocaram as cartas na mesa. Tadej Pogacar dominou a corrida de forma impressionante, Lenny Martinez brilhou na última etapa e vários candidatos ao Tour deixaram os Alpes com mais dúvidas do que certezas.
Mas o que aprendemos, afinal, e o que revelam estes dados sobre a luta pela camisola amarela em julho?

Pogacar sobe o nível e intimida os rivais

Nunca houve debate sério sobre quem era o grande favorito para o Tour 2025. Mas, se restavam dúvidas, Tadej Pogacar tratou de dissipá-las. O esloveno não se limitou a vencer no Dauphiné, comandou a corrida de forma avassaladora, do primeiro ao último dia. Conquistou três etapas, levou para casa a camisola verde e ergueu o troféu da geral, na sua primeira vitória nesta prova. Tudo com uma serenidade que, certamente, deixou os adversários inquietos.
Nas subidas mais duras, nem sequer precisou de sair do selim para deixar Jonas Vingegaard para trás. Na 7ª etapa, parecia estar num treino, enquanto todos à sua volta pareciam em esforço máximo. A sua 99.ª vitória da carreira está carimbada e a centésima está iminente - talvez já nos primeiros dias da Volta a França.
A mensagem é clara: Pogacar está num nível acima e, depois deste Dauphiné, o fosso entre ele e os restantes parece ainda maior.
Depois das vitórias no Paris-Nice, Tirreno-Adriatico e Volta à Catalunha, Pogacar junta agora o Critérium du Dauphiné ao seu palmarés de "major tours"
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Vingegaard e Evenepoel: pouco tempo para muito trabalho

Jonas Vingegaard construiu a sua reputação em picos de forma cirurgicamente cronometrados, mas o que mostrou no Dauphiné levanta algumas interrogações. O segundo lugar da geral, a 59 segundos de Pogacar, até pode parecer positivo, mas a leitura visual das etapas revela uma diferença mais acentuada do que os números indicam. Foi a sua primeira corrida desde o Paris-Nice, em março, e apenas a quinta desde o Tour 2024. No contrarrelógio mostrou consistência, mas nas montanhas nunca conseguiu responder ao esloveno.
A Volta a França continua a ser o grande objetivo da sua temporada. Já venceu em 2022 e 2023 com preparação meticulosa. Por isso, não há pânico na estrutura da Team Visma | Lease a Bike. No entanto, o tempo escasseia, e Vingegaard precisa de dar um salto notório nas próximas três semanas se quiser fazer frente ao fenómeno da UAE Team Emirates - XRG.
Remco Evenepoel sai ainda com mais incógnitas. O belga venceu brilhantemente o contrarrelógio da 4ª etapa e vestiu a camisola amarela, mas a partir daí tudo se complicou. Uma queda, problemas de alergia ao pólen e falta de ritmo competitivo atiraram-no para o quarto lugar da geral, a 4 minutos e 21 segundos do líder. Parece preocupante, mas há um precedente: em 2024 terminou o Dauphiné em sétimo e chegou ao Tour em excelente forma, portanto, é uma melhoria face ao ano passado.
Mesmo assim, o tempo urge. Pogacar está pronto. Vingegaard e Evenepoel precisam de cada um dos 19 dias que restam para se aproximarem.

Lipowitz obriga a Red Bull - BORA - Hansgrohe a reavaliar estratégia

Enquanto todas as atenções estavam voltadas para os “três grandes”, Florian Lipowitz protagonizou, de forma discreta, o melhor desempenho da sua carreira. O alemão de 24 anos foi terceiro na geral, apenas 2 minutos e 38 segundos atrás de Pogacar, e arrecadou a camisola branca de melhor jovem. Mais relevante ainda: bateu Evenepoel e todos os outros candidatos à geral, com exceção de Pogacar e Vingegaard.
Esta subida meteórica acontece num momento de reflexão para a Red Bull - BORA - Hansgrohe. Primoz Roglic, o seu líder, caiu no Giro e está sem competir desde então. Se o esloveno não recuperar a tempo, há argumentos sólidos para considerar Lipowitz como co-líder... ou até mesmo como o nome principal da equipa.
A sua regularidade nas montanhas e maturidade tática demonstram que não se trata apenas de um talento emergente. Pode já ser a opção mais fiável da formação alemã para atacar a geral no Tour.

Van der Poel afia armas para brilhar no início do Tour

Mathieu van der Poel não conquistou nenhuma etapa nem a camisola verde no Dauphiné, mas sai de França com balanço positivo. Após uma lesão no pulso sofrida numa queda em BTT, existiam dúvidas sobre o seu estado físico. As respostas foram positivas: esteve combativo, agressivo e voltou a mostrar ritmo de corrida de alto nível, algo que lhe faltou em edições anteriores do Tour.
Em 2024, chegou à Volta a França sem quilometragem e pagou caro. Este ano, depois de triunfos na Milano-Sanremo e Paris-Roubaix, usou o Dauphiné como preparação final. Com um percurso inicial mais favorável a ciclistas de clássicas, van der Poel deverá ter oportunidades logo na primeira semana e uma segunda vitória de etapa na maior competição velocipédica do mundo está claramente ao seu alcance.

Conclusão: Pogacar a vestir o fato antes do ensaio final

O Critérium du Dauphiné 2025 não reforçou apenas o favoritismo de Tadej Pogacar para o Tour como também aumentou a percepção de que ele está num patamar à parte. Contudo, ainda há espaço para esperança entre os seus rivais. Vingegaard e Evenepoel já demonstraram capacidade de chegar ao pico na hora certa. Resta saber se, este ano, conseguirão fazê-lo a tempo.
O surgimento de Lipowitz baralha as contas e pode alterar dinâmicas internas na Red Bull. Já van der Poel, depois de várias experiências frustradas, parece finalmente ter encontrado o caminho certo para chegar ao Tour com a forma ideal.
Se o Dauphiné serviu de ensaio geral, Pogacar já apareceu de fato e gravata. Os restantes protagonistas têm menos de três semanas para se vestirem à altura.
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