Polémica na Dinamarca com Jonas Vingegaard a ficar sem prémio de prestígio: “Isto é um concurso de popularidade ou de resultados?”

Ciclismo
terça-feira, 30 dezembro 2025 a 15:00
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Jonas Vingegaard realizou uma época que, em circunstâncias normais, encerraria qualquer debate. Triunfo final na Volta a Espanha, segundo lugar na Volta a França e mais um ano a competir ao mais alto nível nas corridas por etapas.
Ainda assim, o prémio de Ciclista do Ano na Dinamarca foi para outro destinatário.
A decisão de distinguir Mads Pedersen incendiou um debate nacional aceso, não sobre o valor de Pedersen, mas sobre o que o galardão pretende realmente premiar. Resultados no topo absoluto do ciclismo, ou uma definição mais ampla, moldada por visibilidade, estilo de corrida e ligação aos votantes.
Essa incerteza está no centro da reação emitida na TV2 Sport, onde os analistas foram além do resultado e avançaram para a mecânica por detrás da escolha.

Popularidade ou desempenho

Christian Moberg enquadrou a controvérsia em termos claros. “Acabamos a discutir se isto é um concurso de popularidade ou um concurso baseado em resultados”, atirou Moberg. “As pessoas provavelmente votam no corredor de que mais gostam”.
Moberg descreveu Pedersen como o ciclista mais popular da Dinamarca e sugeriu que a popularidade acaba inevitavelmente por pesar quando a votação é feita por detentores de licença e não por um júri fechado. Nesse contexto, o desfecho torna-se menos surpreendente, mesmo que continue a ser controverso.
Mas, para Moberg, essa explicação não torna a decisão correta. “No meu mundo, não há absolutamente qualquer dúvida”, afirmou quando questionado sobre quem deveria ter vencido o prémio.

O peso do sucesso em Grandes Voltas

Moberg reconheceu a dimensão da época de Pedersen, mas argumentou que as conquistas de Vingegaard ocupam um patamar diferente no ciclismo profissional. “Consigo ver perfeitamente que a época de Mads Pedersen foi insana e louca, mas a de Jonas Vingegaard também. Vencer uma Grande Volta supera tudo o resto, exceto ganhar o Campeonato do Mundo, o Giro e o Tour”.
Essa hierarquia esteve também no centro da análise de Emil Axelgaard, que admitiu que a escolha pode ser defendida sem com ela concordar. “Acho que a opção se pode defender, embora eu acredite que Jonas Vingegaard teria sido a escolha certa”, disse Axelgaard.
Para Axelgaard, o significado da época de Vingegaard não reside apenas no triunfo na Vuelta, mas na combinação de resultados nos maiores palcos do ciclismo. “O Tour é tão maior do que qualquer outra corrida que um segundo lugar aí tem um peso enorme. Ao mesmo tempo, ele faz história ao tornar-se o primeiro dinamarquês a vencer a Vuelta. Esses dois resultados pesam mais para mim do que os de Mads Pedersen”.

Uma época sem quedas de forma

Outros entendem que o prémio reflete uma leitura diferente, mas igualmente válida, da excelência. Emil Vinjebo apontou a presença de Pedersen ao longo de todo o calendário como fator decisivo. “Mads Pedersen rendeu o ano inteiro”, analisou Vinjebo. “Também conta a forma como corre, a maneira como venceu a Gent-Wevelgem com aquele ataque em solitário”.
Segundo Vinjebo, a influência de Pedersen foi além dos resultados. “Ele recolocou as Clássicas firmemente no radar”, acrescentou.
Vinjebo sublinhou ainda que o eleitorado acompanha muito mais do que as Grandes Voltas. “Quem vota no Ciclista do Ano não são apenas as pessoas que vêem a Volta a França e a Volta a Espanha. Seguem muito de perto as Clássicas e as corridas onde Mads Pedersen brilha”.

O que o prémio mede realmente

Para alguns observadores, ignorar o vencedor de uma Grande Volta soa a extremo. Vinjebo compreende essa reação, mas insiste que a votação não se pode reduzir a uma simples comparação de vitórias. “Não pode ser medido apenas em triunfos”, afirmou. “Conta também a impressão que os ciclistas deixaram ao longo da época”.
A disputa em torno do prémio deste ano expôs uma ambiguidade mais profunda. Jonas Vingegaard assinou dois resultados imponentes nos maiores palcos da modalidade. Pedersen moldou a época pela consistência, agressividade e constante visibilidade.
Ambas as leituras são defensáveis. O que permanece por definir é qual delas o mais prestigioso prémio individual do ciclismo dinamarquês deve consagrar.
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