"A quantidade de treino que o Tadej aguenta é absurda..." - Javier Sola, treinador de Tadej Pogacar, sobre como trabalhar com um campeão do mundo

Ciclismo
terça-feira, 30 dezembro 2025 a 14:00
Tadej Pogacar
A UAE Team Emirates - XRG funciona como um relógio, e Tadej Pogacar trabalha com um núcleo muito específico de pessoas com quem se sente confortável. Talvez o mais crucial seja Javier Sola, o seu treinador, com quem começou a trabalhar em 2024 e que esteve na base do salto no seu nível global. O espanhol falou sobre o trabalho com Pogacar, as mudanças implementadas e o que torna especial o Campeão do Mundo.
Sola não é um desconhecido no ciclismo, depois de ter passado pela Visma como membro do staff e de treinar desde o início da década de 2010. “Criei a minha empresa de treino há catorze anos, mas já treinava ciclistas antes disso”, enquadrou ao In de Leiderstrui. “Também treino ciclistas de nível inferior fora da equipa, além de triatletas. Quantos atletas treino no total? Vinte, suponho”. Como o CiclismoAtual apurou, António Morgado, da UAE Team Emirates - XRG, também passará a trabalhar com Sola a partir de 2026.
Contudo, não é uma rotina que sirva para todos. Em Pogacar, Sola encontra um atleta que parece ultrapassar a lógica em termos de carga de treino: “A quantidade de treino que o Tadej aguenta é absurda. E o mesmo se aplica à recuperação, é simplesmente mais rápida para ele, e isso é geneticamente determinado”. Uma conjugação rara de fatores criou um atleta que é, sem dúvida, a face do ciclismo profissional neste momento e tem tudo para continuar nesse estatuto nos próximos anos.
“Isso é algo que não podemos saber, mas o que sabemos é que o Tadej está a amadurecer e a ganhar experiência a cada ano. Está a gerir melhor o treino, por isso, para responder à tua pergunta: acho que ainda pode melhorar. O Tadej é trabalhador e atento a todos os detalhes, isso é o mais importante”.
Embora o limite físico nunca seja totalmente mensurável, Sola acredita que o fator mental explica grande parte da evolução dos últimos anos. “Acho que todos os ciclistas lidam com isso. Quando és um dos melhores do mundo, há sempre pressão. Mas isso também é algo que ele aprendeu a gerir. Tentamos manter a sua vida o mais simples possível e comunicar de forma clara, para que se sinta bem e relaxado. Se for assim e o Tadej estiver feliz, essa é a chave do sucesso”.
No que toca ao treino, não há mudanças de fundo, já que o que a equipa tem feito com o esloveno tem resultado para além de todas as expectativas. Apenas se ajustam pequenos detalhes de tempos a tempos, com Sola a definir o que Pogacar faz na bicicleta.
“Acertamos sobretudo no básico. Fazemos pequenos ajustes todos os anos, mas nada de louco. Se algo funciona, não há razão para grandes mudanças. Não fazemos nada de extremo, e tudo o que fazemos está documentado na literatura”.

Treinar o corpo para as clássicas é diferente das montanhas

Para lá das Grandes Voltas, onde brilhou desde o primeiro ano no pelotão, Pogacar tem focado cada vez mais as clássicas. Em 2025, estreou-se finalmente no Paris-Roubaix, assinando de imediato o segundo lugar, apenas atrás de Mathieu van der Poel, que venceu pela terceira vez consecutiva.
“Ele tem pernas para ganhar, mas todos sabem que nessa corrida também é preciso experiência e sorte”, argumenta Sola, perante inúmeros fatores fora do controlo. “Já lá estivemos em dezembro, e é claro que é um dos objetivos do próximo ano. Como equipa, vamos tentar apoiá-lo ao máximo”.
Ainda assim, foram feitas pequenas alterações para potenciar as hipóteses de Pogacar em Roubaix, com a expectativa de um pouco mais de massa corporal na primavera, deixando a perda de peso específica e o estágio em altitude para maio e junho, antes da Volta a França.
“O que o corpo te exige no Tour é diferente do que nas Clássicas. Isso é claro. As mudanças que fizemos neste inverno também têm um papel. Pensa em nutrição e composição corporal”, deixou no ar.
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