"Quando saímos juntos para um passeio, não é a mim que as pessoas pedem para tirar fotografias" Dylan Van Baarle fala sobre a popularidade da sua esposa Pauline Ferrand-Prévot

Quando Pauline Ferrand-Prévot assumiu a camisola amarela no topo do mítico Col de la Madeleine, a imagem da vitória ficou gravada não só nas estradas alpinas, mas também no coração de Dylan van Baarle. A partir de um estágio da Team Visma | Lease a Bike em Tignes, o neerlandês acompanhou à distância uma das etapas mais marcantes da carreira da sua companheira e não escondeu o orgulho.

"Juntámo-nos todos à volta da televisão para os últimos quilómetros", contou Van Baarle à NOS. "Não estava a gritar para o ecrã, mas tinha um enorme sorriso estampado na cara".

Apesar de estar concentrado na preparação para os seus objetivos de final de época, Van Baarle fez questão de visitar Ferrand-Prévot no início da semana. Entre conversas sobre a rotina e o dia a dia, falou-se também da importância estratégica da etapa rainha. "Sabíamos que esta etapa seria importante para a classificação geral. E acabou por ser".

E foi mesmo. Com o Col de la Madeleine como pano de fundo e um pelotão cada vez mais reduzido a tentar resistir ao desgaste, Ferrand-Prévot encontrou o seu momento. Primeiro passou pelas últimas ciclistas da fuga inicial, depois atacou de forma decisiva a 8,5 quilómetros do topo. A partir daí, a subida foi feita a solo, num esforço irrepreensível que arrasou por completo as principais rivais.

Demi Vollering e Katarzyna Niewiadoma não conseguiram responder e perderam tempo significativo, abrindo caminho para a francesa assumir de forma clara a liderança da corrida. No final da etapa, Ferrand-Prévot tinha mais de três minutos de vantagem sobre todas as principais concorrentes e, salvo surpresa no último dia, selou a vitória na geral.

A imprensa francesa reagiu de imediato, celebrando Ferrand-Prévot como nova figura de proa do ciclismo nacional. Para Dylan van Baarle, esse reconhecimento não é novidade. "Quando saímos juntos para um passeio, não é a mim que as pessoas pedem para tirar fotografias", contou entre risos. "Vêm ter comigo a perguntar se lhes posso tirar uma fotografia com a Pauline. Isso diz tudo".

Van Baarle, vencedor da Paris-Roubaix e com um currículo respeitável no World Tour, reconhece o impacto que a sua companheira tem em França. "É algo especial de testemunhar. Ela já fez tudo no desporto, mas este Tour era um sonho dela. Agora, ela está a vivê-lo".

Para Ferrand-Prévot, que conquistou múltiplos títulos mundiais em diferentes disciplinas, o triunfo na Volta a França Feminina representa a consagração numa carreira recheada, mas até agora sem uma grande vitória por etapas na estrada. A sua atuação na Madeleine ficará como referência.

Com apenas uma etapa pela frente, Van Baarle procura agora ajustar a sua agenda para poder estar presente na consagração final da companheira. "Gostava muito de lá estar", admitiu. "Por isso, agora preciso de arranjar um plano. Felizmente, tenho até à meia-noite para o fazer".

A vitória de Ferrand-Prévot na etapa de sábado ultrapassa o simples triunfo desportivo. Marca o regresso de uma ciclista francesa ao topo da Volta, algo que o país aguardava há muito. E representa também a afirmação plena de uma atleta que, apesar dos feitos noutras vertentes do ciclismo, nunca tinha conseguido um feito semelhante na estrada.

Para Van Baarle, mais do que assistir a uma exibição tática e física de excelência, foi a confirmação de anos de trabalho e dedicação. "Vê-la correr assim, ver todo o trabalho árduo a dar frutos, foi muito, muito especial".