A fusão Lotto-Intermarché deixou muitos ciclistas sem contrato para a época de 2026. Nem todos encontraram nova equipa, mas
Arne Marit é um dos “felizardos” que já garantiu novo destino, no caso a Red Bull - BORA - Hansgrohe.
O processo, porém, esteve longe de ser simples. Os últimos meses da época foram uma montanha-russa emocional para Marit, que chegou a temer pelo futuro profissional. “Dois dias antes do final da época disseram-me que afinal não podia ficar na equipa resultante da fusão. Foi um choque que não vi chegar”, lamentou o belga
em declarações à Sporza.
Encontrar nova equipa: tarefa nada fácil
Marit foi uma das (muitas) vítimas da fusão entre Lotto e Intermarché, apesar de ter contrato até ao final de 2026. Acreditava que a sua época tinha sido suficiente para continuar, mas não foi essa a decisão. “Senti que fiz uma temporada consistente, com um segundo lugar num sprint no Tour Down Under, terceiro numa chegada em sprint na Vuelta e quarto na Kuurne–Bruxelas–Kuurne”, explicou. “Mas esses argumentos não chegaram para ficar a bordo”.
A mensagem foi transmitida de forma direta e com pouca margem para manobra na procura de nova equipa. “O grande chefe na Wanty disse-me: ‘Temos de ser honestos, já temos muitos ciclistas com o teu perfil. É difícil dar oportunidades a todos esses tipos semelhantes’”.
Marit recebeu a notícia em meados de outubro, ainda a competir na
Volta a Guangxi, onde terminou no top 10 em duas etapas. “A primeira coisa que me passou pela cabeça foi: ‘Tão tarde na época, quase todas as vagas estão preenchidas. Para onde é que eu vou?’”
A reviravolta surgiu de forma inesperada no final de outubro. “Saiu a notícia de que tinham sido detetados valores sanguíneos anormais em Oier Lazkano. Isso libertou de repente uma vaga na
Red Bull - BORA - hansgrohe. Graças ao Allan Peiper [que entrou para a Red Bull como assessor estratégico há um mês] recebi uma chamada do novo diretor desportivo, Zakkari Dempster, a dizer que ainda procuravam um corredor de clássicas”.
Marit não hesitou em aceitar a proposta. “Se uma equipa como a Red Bull - BORA - hansgrohe te contacta, assinar é uma decisão óbvia”.
Remco Evenepoel será o novo colega de equipa de Marit
Reencontro com um velho amigo
A transferência proporcionou também o reencontro com um antigo companheiro de competição:
Remco Evenepoel. “Quando o Remco fez a sua primeira corrida como júnior, enviou-me uma mensagem a perguntar: ‘Tens algumas dicas e truques para mim?’”, recordou Marit. O talento de Evenepoel ficou-lhe logo marcado. “Dias depois, o Remco foi décimo no campeonato de contrarrelógio do Brabante. O notável é que era o único em bicicleta de estrada normal. Percebi logo: ‘Este miúdo não é comum’”.
A ligação fortaleceu-se nos anos de júnior. “Chegámos a ir juntos reconhecer a Nokere Koerse, porque o Remco tinha apontado a essa corrida, que eu já tinha ganho duas vezes. Foi assim que a amizade cresceu. Mas, com o tempo, o contacto foi naturalmente esmorecendo, porque o Remco estava cada vez mais no estrangeiro por causa das corridas”.
Há semanas, porém, Marit recebeu uma mensagem que fechou o círculo. “A minha transferência ainda não tinha sido anunciada, mas eu já tinha recebido a bicicleta. Quando fui à Specialized Store em Geraardsbergen, o Patrick Evenepoel estava lá por acaso.” Mais tarde, chegou a mensagem. “O Remco escreveu-me: ‘Bem-vindo à equipa, amigo!’”