"Sinto-me manipulado" - Pedro Delgado critica a cobertura das suas declarações sobre Israel e Palestina na Volta a Espanha

Ciclismo
sexta-feira, 26 dezembro 2025 a 18:00
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Pedro Delgado, vencedor da Volta a França de 1988 e uma das vozes mais reconhecidas do ciclismo, apelou à calma e à ponderação após a polémica desencadeada pelos seus comentários na TVE sobre os protestos pró-Palestina que marcaram a edição mais recente da Volta a Espanha de 2025, contestando a presença de uma equipa israelita.
Delgado abordou o tema na quinta-feira, durante uma aparição pública numa tradicional corrida de bicicletas sem corrente.
Delgado disse manter-se sereno perante a situação e defendeu uma descida da tensão social. “Estou tranquilo. O que acontece é que vivemos numa sociedade que procura confrontos onde eles não existem”, afirmou, antes de acrescentar que sente que as suas palavras foram usadas no debate mais amplo. “Sinto-me manipulado, e acho que as pessoas também se devem sentir manipuladas”.
Nesse contexto, apontou o tempo como fator apaziguador. “Precisamos de um pouco de paz e calma, e penso que o tempo, felizmente, nos dá isso”.

Pogacar e Vingegaard, muito acima do resto

Para lá da polémica, Delgado avaliou também o estado atual do ciclismo profissional, que considera marcado por uma hierarquia muito clara. Destacou a evidente superioridade de Tadej Pogacar e Jonas Vingegaard face ao restante pelotão e previu que ambos voltarão a concentrar as atenções nas Grandes Voltas.
“Neste panorama competitivo, há um monstro, que é o Pogacar, e depois outro, o Vingegaard, que está um degrau abaixo. Mas, a seguir, os restantes estão dois ou três degraus atrás”, avaliou Delgado.
Na mesma linha, referiu que os dois voltarão a ser o foco principal nas Grandes Voltas, embora sublinhando que o cenário muda noutros tipos de corridas. Nas Clássicas, afirmou, há mais alternativas, o que gera um espetáculo mais dinâmico.
Delgado destacou ainda a postura ofensiva de ambos os corredores e das suas equipas. “O ciclismo moderno é espetacular porque Pogacar e Vingegaard são corredores cujas equipas atacam de muito longe. Mantém a corrida viva não no último quilómetro, mas nas últimas duas horas”.

A Vuelta mantém-se fiel à sua identidade

Delgado comentou também o percurso recentemente apresentado para a próxima Volta a Espanha, deixando uma avaliação claramente positiva. Disse que o traçado preserva a identidade tradicional da corrida e reforça a sua exigência.
“É um percurso que me agrada. Penso que reflete a identidade da Volta a Espanha, com etapas nervosas e muitas chegadas em alto”, afirmou. Entre os exemplos, mencionou a chegada em Aitana e realçou o final da prova, descrevendo a última etapa em Granada como “espetacular”.
Delgado focou-se ainda nos números e na dificuldade acumulada do percurso, comparando-o com as outras Grandes Voltas. “Para quem gosta dos números, em termos de metros de desnível acumulado, que definem a montanha, tem mais do que o Giro e o Tour no próximo ano”, disse, antes de concluir: “Portanto, podemos dizer que é a mais dura das três Grandes Voltas que serão disputadas em 2026”.
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