Remco Evenepoel explica abertamente tudo o que correu mal na Volta a França 2025

Ciclismo
quinta-feira, 24 julho 2025 a 20:15
Evenepoel
Remco Evenepoel tinha a Volta a França 2025 como o grande objetivo da sua temporada, mas os desafios que enfrentou desde o início do ano levaram à sua desistência durante a corrida. Em uma mensagem sincera publicada nas redes sociais, o belga compartilhou as dificuldades que marcaram sua preparação e explicou os motivos por trás da difícil decisão de abandonar a competição.
"O que deveria ter sido o ponto alto da minha época transformou-se numa desilusão. A Volta a França era o meu principal objetivo. Depois da minha queda em dezembro, fiz tudo com um objetivo claro: estar pronto a tempo para julho. O objetivo deu-me foco, mas também criou muita pressão de tempo", revelou num post do Instagram.
O acidente com uma carrinha dos correios em dezembro passado, resultou numa recuperação que comprometeu meses cruciais de treino. "Os meses de inverno, normalmente o período em que se constrói uma base sólida para a época, foram ocupados pela reabilitação e recuperação. Não tive outra opção senão ser paciente: Tinha de recuperar"
Apesar da recuperação acelerada para poder participar nas Clássicas de abril e alcançar a preparação necessária para o Tour, Evenepoel sentia que estava sempre a correr atrás do prejuízo. "Quando finalmente pude voltar a treinar, aconteceu tudo muito rapidamente. Era uma correria constante: correr para regressar a tempo das Clássicas em abril, correr para chegar a tempo à altitude, correr para estar pronto para o Tour. Sentia-me sempre como se estivesse a tentar recuperar do atraso. Durante os treinos, nunca me sentia eu próprio: as emoções habituais não estavam presentes. Mas continuei a acreditar. Não queria desistir do meu sonho"
Ele seguiu o plano de treinos que incluiu um campo de altitude e a participação no Criterium du Dauphiné, onde mostrou boa forma, mas a exaustão acumulada fez-se sentir. "O meu corpo nunca teve uma pausa. Estava ainda a recuperar das fraturas e do trauma do acidente. Em retrospectiva, não estava com excesso de treino, mas estava claramente exausto. Comecei a Volta a França com as baterias fracas", confessou.
Outro obstáculo surgiu durante os campeonatos nacionais belgas, antes do Tour. "Durante os nacionais, parti outra costela. Não foi o pior, mas certamente não o ideal", disse, referindo-se ao impacto que a lesão teve na sua preparação para a Volta. "Comecei a corrida mais dura do mundo com uma costela partida e o corpo cansado. Não foi a combinação ideal. Mas não queria desistir do meu objetivo, pelo qual tinha lutado tanto".
Apesar das adversidades, o belga destacou o desempenho da primeira semana da corrida. "Apesar de tudo, dei o meu melhor. Consegui ganhar uma etapa, vesti a camisola branca durante vários dias e estive no topo da classificação geral. A primeira semana correu bem, apesar de tudo. Mas na segunda semana, os esforços começaram a fazer-se sentir. Aguentei, mas no fundo sabia que não estava no meu melhor. Até que o meu corpo finalmente disse 'chega'", explicou.
Na etapa de Hautacam, após doze dias de esforço intenso, a exaustão total levou à sua desistência. "Ao fim de doze dias, rebentei. Tudo o que eu tinha carregado durante todo este tempo apanhou-me. Mas, mesmo assim, não quis desistir. Lutei o mais que pude. Para vocês, meus fãs, eu queria mesmo dar o último grito que me restava. Mas dois dias depois, sentia-me completamente vazio. Foi então que tomei a decisão certa de abandonar a corrida. E ainda por cima, estavam a começar a aparecer os primeiros sinais de uma infeção. O que começou como um vago desconforto transformou-se numa grave infeção dos seios nasais nos dias que se seguiram. Foi um duro golpe."
Evenepoel descreveu o momento em que abandonou a corrida como "um dos momentos mais cruéis e vulneráveis da minha carreira". No entanto, ele expressou orgulho por ter demonstrado a sua vulnerabilidade. "Fui-me abaixo e, por estranho que pareça, estou orgulhoso disso. É preciso ter força para mostrar que as coisas nem sempre correm como queremos. Que, mesmo quando queremos muito uma coisa, o nosso corpo às vezes tem outros planos. Esse momento, por mais difícil que seja, mostrou que sou humano, com altos e baixos", refletiu.
No final, ele encontrou um ponto positivo nesta experiência: "Mas foi a decisão correta. Pela primeira vez, dei realmente ouvidos ao meu corpo. E espero que esse momento mande uma mensagem, especialmente aos ciclistas mais jovens: não faz mal desistir, não faz mal sentirmo-nos cansados, não faz mal sermos humanos. Por vezes, dar um passo atrás é a coisa mais forte que se pode fazer. Agora estou a tirar tempo para descansar e recuperar. Obrigada a todos pelo vosso apoio. Significa mais do que imaginam", concluiu, agradecendo pelo apoio recebido dos seus fãs.
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