Marlen Reusser rubricou um desempenho absolutamente extraordinário para conquistar o título mundial de contrarrelógio de elite feminino em Kigali. A suíça voou nos 31,2 quilómetros do percurso, cortando a meta em 43 minutos e 9 segundos, a uma média de 43,3 km/h, para vestir, pela 1ª vez na carreira, a camisola arco-íris.
Anna van der Breggen, antiga campeã mundial, terminou na segunda posição, enquanto
Demi Vollering completou o pódio, à frente da australiana Brodie Chapman.
O traçado ruandês, disputado a cerca de 1500 metros de altitude, acumulava perto de 500 metros de desnível positivo e exigia uma gestão perfeita de esforço. Depois de uma secção inicial plana, o primeiro ponto de controlo situava-se no topo da Côte de Nyanza, 2,4 quilómetros a 6%. Seguia-se a descida e a subida pelo lado oposto da mesma colina, 6,6 quilómetros a 3,5%, antes da fase decisiva: a Côte de Kimihurura, 1,3 quilómetros a quase 6% sobre paralelos, antecedendo a subida final até ao Centro de Convenções de Kigali.
A campeã nacional ruandesa, Xaverine Nirere, teve a honra de inaugurar a prova. Cortou a meta em 50:07, tempo que lhe valeu a liderança provisória por alguns minutos e o aplauso entusiástico do público local. Entre as favoritas, Anna van der Breggen, vencedora do título mundial em 2020, foi a primeira a marcar ritmo elevado. Passou no primeiro controlo com 16:50, média próxima dos 38 km/h, assumindo o comando. Pouco depois, a italiana Soraya Paladin estabelecia 48:36, suficiente para liderar de forma interina.
Van der Breggen concluiu o exercício em 44:01, um registo de referência até à entrada em cena de Reusser. A suíça mostrou-se imparável, gerindo o esforço com mestria e terminando em 43:09, estabelecendo uma fasquia inalcançável. Brodie Chapman chegou a instalar-se provisoriamente no terceiro posto com 44:30, mas logo foi relegada para fora das medalhas.
Quanto a Demi Vollering, tudo parecia bem encaminhado na fase inicial. No primeiro ponto de cronometragem estava a menos de um segundo de Reusser, mas perdeu terreno no segundo setor, já atrás de van der Breggen. Apesar de lutar até ao fim, terminou em 44:15, suficiente para a medalha de bronze, ainda que longe do nível exibido nas Ardenas ou no Tour.
No final, ninguém conseguiu aproximar-se da superioridade de Marlen Reusser. A suíça conquistou o ouro e a camisola arco-íris, Anna van der Breggen regressou ao pódio com a prata, e Demi Vollering, apesar da quebra final, assegurou o bronze. Uma corrida dura, marcada pela altitude e pelos paralelos de Kigali, que consagrou a melhor especialista da atualidade,
não obstante dos problemas físicas que a afetaram durante esta temporada.