A poucos dias do arranque da
Volta a França 2025, os olhos voltam a centrar-se no duelo entre
Tadej Pogacar e
Jonas Vingegaard pela cobiçada camisola amarela. No entanto, para
Romain Bardet, agora reformado e a viver o Tour de uma nova perspetiva a partir da mota da TNT Sports, o desfecho deste confronto poderá ser ditado não pelas estrelas principais, mas sim pelos seus super domestiques e, em particular, pelos irmãos gémeos Adam e
Simon Yates, agora em lados opostos da batalha.
"De fora, parece que eles estão numa dinâmica diferente", começou Bardet, numa análise que destaca a evolução dos gémeos britânicos, agora rivais diretos como principais tenentes de Pogacar (UAE Team Emirates - XRG) e Vingegaard (Team Visma | Lease a Bike).
Os irmãos Yates já se defrontaram no passado na Volta a França - quem não se recorda do sprint a dois da etapa inaugural de 2023, onde Adam venceu Simon e vestiu o amarelo. Este ano, porém, o confronto entre os dois surge num contexto mais estratégico, numa luta indireta de apoio ao líder nas montanhas.
Simon Yates chega ao Tour embalado pela vitória na
Volta a Itália 2025, o seu segundo triunfo numa grande volta. Para Bardet, o britânico encontrou na Visma o ambiente ideal: "O Simon teve provavelmente um dos melhores momentos da sua carreira no Giro. O entusiasmo aqui, ao juntar-se à Visma, provou ser um ambiente muito bom para ele. Penso que ele está no grupo por uma razão, está lá como o 'joker', entre
Sepp Kuss, Matteo Jorgenson e Jonas, são uma das equipas de trepadores mais fortes da corrida".
Os irmãos Yates na consagração de Simon como campeão da Volta a Itália 2024
Apesar disso, Bardet acredita que Simon já terá cumprido os seus objetivos para a temporada: "Eles querem mesmo tentar ganhar com o Jonas".
Do lado da UAE,
Adam Yates tem um historial mais extenso como braço direito de Pogacar, tendo sido fundamental em vitórias passadas e até terminado no pódio do Tour. Apesar de ter feito um Giro abaixo das expectativas, Bardet vê margem para crescimento: "Talvez não tenha corrido exatamente como planeado no Giro para ele [12º lugar], por isso depende da sua recuperação física, porque o Giro foi muito duro na última semana. Não estou a dizer que é uma vingança, mas penso que ele pode atingir um nível muito mais elevado do que no Giro".
Para a UAE, Adam será novamente uma das últimas rodas ao lado de Pogacar nos momentos decisivos da montanha, tal como
João Almeida. E Bardet acredita que, se as circunstâncias o permitirem, poderá até lutar por mais do que o papel de gregário de luxo:
"Ele será um dos últimos, juntamente com João Almeida, a puxar por Pogacar nas subidas e, nesta situação, quando Pogacar tiver atacado e ido embora, talvez ele possa apanhar algumas rodas e também conseguir uma classificação geral muito elevada e até um pódio. Tem capacidade física para o fazer", defende o francês.
A terminar, Bardet destaca a maturidade e evolução distinta de cada um dos irmãos: "Diria que, mentalmente, estão a abordar a Volta a França com uma mentalidade diferente".