A poucos dias do arranque da
Volta a França 2025,
Tobias Johannessen está a levar a sua preparação ao limite. O trepador norueguês da
Uno-X Mobility tem investido intensamente na adaptação ao calor, e a última sessão de treino que partilhou deixou muitos especialistas surpreendidos.
Apesar das temperaturas já elevadas registadas na Europa Central, Johannessen optou por intensificar o desafio térmico de forma drástica: pedalou vestido com cinco casacos, sacos de lixo envoltos no corpo e na cabeça e ainda luvas, elevando a temperatura corporal até uns impressionantes 39,6°C e provocando uma perda de 2,5 litros de líquidos.
"E um ciclista da Noruega está, portanto, um pouco mais adaptado ao calor. Isto é o ciclismo moderno", escreveu Johannessen no Instagram, onde partilhou imagens da insólita sessão.
Johannessen é um antigo campeão do Tour de l'Avenir (2021)
O treino com calor tem-se afirmado como uma estratégia cada vez mais comum no ciclismo de alta competição. Simular as condições fisiológicas de esforço em ambiente quente permite aumentar a tolerância térmica, melhorar a capacidade de termorregulação, expandir o volume plasmático e manter a performance em ambientes extremos.
No contexto da Volta a França, onde as temperaturas de julho podem ultrapassar os 35°C, especialmente no sul de França e durante as etapas de montanha nos Alpes e Pireneus, essa preparação ganha ainda mais relevância. A expectativa de condições escaldantes na edição deste ano está a levar várias equipas a incorporar métodos como treinos em câmaras de calor, uso de roupas térmicas ou, no caso de Johannessen, métodos mais rudimentares mas eficazes.
A aposta do norueguês sublinha o compromisso da Uno-X Mobility, que quer mostrar serviço na sua segunda participação no Tour. Johannessen, que já deu provas em terrenos montanhosos, poderá ser uma das armas da formação escandinava para caçar etapas nos Alpes ou até sonhar com a camisola da montanha, ele que chega em grande forma depois de um 5º lugar na geral do
Critérium du Dauphiné.
Este tipo de treino, embora extremo, está longe de ser inédito. Outros ciclistas, como Tadej Pogacar ou Jonas Vingegaard, têm utilizado estratégias semelhantes em estágios de altitude onde também simulam calor e humidade para preparar o corpo para o stress das etapas decisivas. Johannessen, vindo de um clima bem mais frio, sabe que cada grau de adaptação poderá fazer a diferença no desempenho.