Depois de se afirmar como uma das revelações de 2024,
António Morgado viveu um 2025 desafiante. Apesar de um início a todo o gás, quebrou na primavera e nunca voltou à melhor forma ao longo do ano.
Um ano desapontante
As expectativas para 2025 eram altas, mas o português não as correspondeu. O próprio Morgado reconhece-o. “2025 foi um ano mau. Não foi de todo o que esperava”.
Mesmo somando três vitórias na época (Grande Prémio Castellón - Rota da Cerâmica,
Figueira Champions Classic e Campeonato nacional de contrarrelógio), não ganhou espaço numa Grande Volta e passou o ano sobretudo em funções de gregário.
A campanha de primavera, que começara em tom positivo, foi cedo interrompida por doença. “Depois da Omloop e do Troféu Laigueglia, fiquei doente pela primeira vez. Estive oito dias sem tocar na bicicleta”, explicou. “Depois disso, foi muito difícil recuperar a forma”.
Morgado foi terceiro na La Flèche Brabançonne este ano
Esses problemas de saúde repetiram-se, travando a recuperação. “Depois do campeonato nacional de contrarrelógio, de repente senti-me muito mal. Não conseguia ver bem com um olho”.
E o problema acabou por ser mais sério do que se pensava. “Sempre que fazia um esforço, tudo começava a rodar. Os exames mostraram que tinha cristais soltos no ouvido. Isso causou problemas durante cerca de mês e meio”. Além disso, Morgado apanhou Covid-19 no verão.
Ambição renovada para Flandres e estreia no Giro
A olhar para 2026, o objetivo de Morgado é claro. “Tornar-me um corredor melhor. Sei que posso ser muito melhor do que mostrei no ano passado”, frisou. “Se ganho uma, duas ou quatro corridas, não é isso que mais importa”.
As clássicas belgas são uma das grandes metas. “Na época passada estive muito mal a posicionar-me nas corridas flamengas”, admitiu Morgado. “Sempre que os favoritos arrancavam, eu tinha de fechar de trás”.
A solução passa por um ajuste mental. “É preciso ser um pouco louco para lutar pelo lugar na frente”, indicou. “Sou demasiado brando na luta de ombros. Nesses momentos, não se pode pensar em mais ninguém. Preciso de mudar a mentalidade”.
As corridas flamengas tornaram-se as suas preferidas, mas porquê? Há duas razões principais. “São provas onde a resistência é muito importante e é preciso lutar o tempo todo. Gosto disso. Por outro lado, adoro os adeptos flamengos. Quando me incentivam nas subidas, muitas vezes chamam-me Molano”, brincou. “Sei que somos parecidos, mas não somos iguais”.
Em 2026, Morgado deverá alinhar em várias clássicas belgas, incluindo a Omloop Het Nieuwsblad, a
Dwars door Vlaanderen e a
Volta à Flandres. E a equipa deu-lhe estatuto de líder em algumas provas. “Nas grandes clássicas, terei de ajudar os líderes. Mas nas clássicas menores, terei liberdade”.
Terminada a campanha de clássicas, Morgado fará a estreia numa Grande Volta. “Vou correr a Volta a Itália”, confirmou Morgado. “É minha ambição chegar lá em boa forma e ajudar o nosso líder Joao Almeida. Quero também mostrar que me tornei um melhor trepador”.